Karl Barth era um universalista? Um novo olhar para uma velha questão

Roger E. Olson

A questão do universalismo de Karl Barth tem sido muito debatida — mesmo durante a vida do teólogo suíço. Vários críticos teológicos o acusaram de ensinar a “heresia” da “apokatastasis” — reconciliação universal. Entre eles estavam Donald Bloesch (em Jesus Is Victor!), Hans Urs von Balthasar (em The Theology of Karl Barth), G. C. Berkouwer (em The Triumph of Grace in the Theology of Kark Barth) e Emil Brunner (em Dogmatics, Vol. 1). Esses críticos admitiram que Barth não chegou a afirmar ou abraçar a apokatastasis, mas todos argumentaram que ela está logicamente implícita em sua doutrina de eleição.

Barth antecipou essas críticas e respondeu a elas em Church Dogmatics II/2 em uma seção especificamente dedicada à apokatastasis. (Os números de página fornecidos aqui sempre se referem à edição T&T Clark do CD.) Lá Barth negou explicitamente que ele ensinou isso. Ele afirmou que, para proteger a liberdade de Deus e a gratuidade da graça divina, não podemos dizer que o “círculo” dos eleitos coincide com o mundo do homem como tal: “Assim como o Deus gracioso não precisa eleger ou chamar nenhum homem, Ele não precisa eleger ou chamar toda a humanidade.” (p. 417) Previsivelmente, no entanto (porque Barth era um pensador dialético), ele continuou dizendo que também não devemos limitar a liberdade e a graça de Deus dizendo que não pode haver uma “abertura final e ampliação do círculo de eleição e chamado.” (p. 418)

Assine para continuar lendo

Torne-se um assinante pagante para ter acesso ao restante do post e outros conteúdos exclusivos.

Universalismo: uma pesquisa histórica

Por Richard Bauckham

A história da doutrina da salvação universal (ou apokastastasis) é notável. Até o século XIX, quase todos os teólogos cristãos ensinavam a realidade do tormento eterno no inferno. Aqui e ali, fora da corrente principal teológica, havia alguns que acreditavam que os ímpios seriam finalmente aniquilados (em sua forma mais comum, esta é a doutrina da “imortalidade condicional”).[1] Menos ainda eram os defensores da salvação universal, embora esses poucos incluíssem alguns dos principais teólogos da igreja primitiva. A punição eterna era firmemente afirmada em credos e confissões oficiais das igrejas.[2] Deve ter parecido uma parte tão indispensável da crença cristã universal quanto as doutrinas da Trindade e da encarnação. Desde 1800, essa situação mudou completamente, e nenhuma doutrina cristã tradicional foi tão amplamente abandonada quanto a da punição eterna.[3] Seus defensores entre os teólogos hoje devem ser menos do que nunca. A interpretação alternativa do inferno como aniquilação parece ter prevalecido até mesmo entre muitos dos teólogos mais conservadores.[4] Entre os menos conservadores, a salvação universal, seja como esperança ou como dogma, é agora tão amplamente aceita que muitos teólogos a assumem virtualmente sem argumentação.

Assine para continuar lendo

Torne-se um assinante pagante para ter acesso ao restante do post e outros conteúdos exclusivos.