Samuel L. Perry, Universidade de Oklahoma
Resumo
Sociólogos cujas pesquisas se cruzam com o cristianismo americano reconhecem a importância crucial da Bíblia para a compreensão das crenças, valores e comportamentos de muitos americanos, mas sua abordagem operacional da Bíblia geralmente ignora que “a Bíblia” é tanto um produto de comunidades interpretativas quanto um marcador simbólico de identidade ou modelador da vida social. Proponho que, em vez de abordar “a Bíblia” através de uma lente distintamente protestante, como algo dado — especificamente como uniforme, estático e exógeno —, os sociólogos apliquem uma lente crítica para reconceitualizar a Bíblia com mais precisão. Ou seja, os sociólogos devem reconhecer que as Bíblias são multiformes; são dinâmicas; e seus conteúdos (não apenas suas interpretações atuais) são altamente dependentes da cultura e do poder temporais, sendo o produto da manipulação por comunidades interpretativas e atores com interesses particulares. Utilizando um estudo de caso recente sobre como a ideologia complementarista de gênero foi sistematicamente inserida em uma das traduções da Bíblia em inglês mais populares entre os evangélicos da atualidade, ilustro como uma abordagem mais crítica em relação à “Bíblia” pode fornecer análises sociológicas mais ricas e sofisticadas sobre poder e reprodução cultural dentro das tradições cristãs.
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