Deus odeia os pecadores?

Deus odeia os pecadores? Certos textos bíblicos nas seções poéticas contêm essas afirmações. Considere, como exemplos (citações do NVI, a ênfase em negrito é minha):

Salmos 5:5-6 Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal. Destróis os mentirosos; os assassinos e os traiçoeiros o Senhor detesta.

Proverbs 6:16-19 Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos.

Oséias 9:15 Toda a sua impiedade começou em Gilgal; de fato, ali eu os odiei. Por causa dos seus pecados, eu os expulsarei da minha terra. Não os amarei mais; todos os seus líderes são rebeldes.

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Citações dos pais da igreja primitiva apoiando o livre-arbítrio.

Nos primeiros 400 anos da igreja primitiva, existiu um acordo completo entre os primeiros pais da igreja que o homem tem livre vontade, que não somos “uma vez salvos sempre salvos” ou ainda perseverança incondicional e que há uma incapacidade humana de buscar a Deus. Devemos acreditar que esses anos estavam cheios de escuridão  interpretativa antes de Agostinho entrar no cenário (354-430 dC) para finalmente nos dar luz? Os únicos que ensinaram contra o livre arbítrio eram os gnósticos. Toda a igreja primitiva até o tempo de Agostinho foi unânime em suas crenças e a compreensão da natureza do pecado sendo a escolha.

Greg Boyd diz: “Isto explica, em parte, porque Calvino não pode citar pais anteniceno contra seus oponentes libertários (por exemplo, Pighius). Portanto, quando Calvino debate com Pighius sobre a liberdade da vontade, ele cita Agostinho abundantemente, mas nenhum pai da igreja anterior é Citado “.

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São todos os cristãos verdadeiros predestinados a perseverar?

Primeira  parte do debate entre James Akin e James White (calvinista).

São todos os cristãos verdadeiros predestinados a perseverar?

 

Por James Akin

 

PARTE I: Declaração inicial

A proposição

Obrigado. Hoje à noite me pediram para debater a proposição, todos os verdadeiros cristãos foram predestinados a perseverar.

Para debater isso, devemos primeiro entender o que significa, e para esse fim gostaria de mencionar brevemente seus três termos-chave:

“Verdadeiros cristãos”

O primeiro termo é “cristãos verdadeiros”. É fácil dizer quem são. Um “verdadeiro cristão” é uma pessoa que foi justificada, nasceu de novo e entrou num estado de salvação.

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Perseverança e a Possibilidade de Apostasia – Keith D. Stanglin

 

A- Perseverança e a Possibilidade de Apostasia

 

Não seria acurado afirmar que Armínio diretamente negou a doutrina da perseverança dos santos; como foi o caso com outras doutrinas reformadas controversas, sua afirmação se fundamentou numa definição particular qualificada. Em sua Declaratio sententiae, Armínio declarou seus sentimentos a respeito da perseverança dos santos: “… que as pessoas que foram enxertadas em Cristo, pela fé verdadeira, e assim têm se tornado participantes de seu precioso Espírito vivificador, dispõem de poderes suficientes [ou] forças (cracht) para lutar (strijden) contra Satanás, contra o pecado, contra o mundo e a sua própria carne e para obter a vitória sobre esses inimigos, mas não sem a ajuda da graça do mesmo Espírito Santo.”[84] Estes verdadeiros crentes têm, portanto, implorado o socorro de Deus. Cristo os preserva de cair, até o ponto em que Satanás não conseguir de forma alguma tirá-los das mãos de Cristo.[85] Por cima, a definição de Armínio a respeito da perseverança não é significativamente diferente da de Gomarus, que define perseverança dos santos assim: “Ela é a persistência dos verdadeiros fiéis na fé, até o fim da vida, a partir da graça de Deus, por causa do mérito de Cristo, com a virtude do Espírito Santo através do ministério do evangelho, para a glória de Deus e salvação dos santos perseverantes.”[86] Tal como esta definição está, é difícil imaginar Armínio achando algum erro nela.[87]

 

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Depravação total em Wesley

Depravação total em Wesley

A depravação total é um conceito que surge da compreensão agostiniana do pecado original. O pecado original, por sua vez, é derivado do ensinamento bíblico sobre a penalidade que o pecado de Adão trouxe sobre si e sobre sua descendência. Na visão de Agostinho, após o pecado original de Adão e Eva no Jardim – resultando na Queda – toda a Criação existe em um estado degradado ou corrompido do que Deus originalmente pretendia. Alister Mcgrath consegue capitar adequadamente o pensamento de Agostinho quando faz a seguinte afirmação:

De acordo com Agostinho, segue-se que todos os seres humanos estão agora contaminados pelo pecado desde o momento do seu nascimento …Agostinho retrata o pecado como inerente à natureza humana. É um aspecto integral e não opcional de nosso ser … Para Agostinho, a humanidade, deixada a seus próprios recursos e recursos, nunca poderia entrar em um relacionamento com Deus. Nada que um homem ou uma mulher pudessem fazer era suficiente para quebrar o domínio do pecado “.(1)

 

Em uma carta a John Newton, datada de 14 de maio de 1765, John Wesley fez uma declaração surpreendente (pelo menos aos olhos modernos) ao ex-capitão de navio de escravos transformado em clérigo. Em meio à defesa de seus desentendimentos com as posições calvinistas sobre a doutrina da eleição e a perseverança dos santos, Wesley observou: “Penso em Justificação, tal como fiz em qualquer momento destes vinte e sete anos,  assim como Calvino fez. A este respeito, não difiro dele nem um fio de cabelo.(2) Tais afirmações embora busque demonstrar  a paridade de Wesley e Calvino  no âmbito da doutrina da Justificão, com facilidade pode ser aplicado ao entendimento desses teólogos em relação a doutrina da depravação total desde que há uma convergência  e congruência entre ambos. É interessante que Wesley tenha dito que não estava sequer por um  fio de cabelo de João Calvino, cuja teologia veio a ser expressa em cinco pontos famosos usando o acróstico TULIP. Wesley não concordou com quatro desses pontos, mas sobre a doutrina da depravação total alguns poderiam dizer que ele estava, de fato, não diferia nem por um fio de Calvino. O pensamento calvinista clássico sobre a depravação total diz que o homem está em um estado caído e corrompido devido ao pecado original. Devido a isso, as pessoas são moralmente incapazes de obedecer ou amar completamente a Deus porque estão inclinadas a servir seus próprios interesses sobre Deus. Mesmo atos que parecem altruístas são simplesmente atos disfarçados de ego. Para que alguém seja salvo, Deus tem que predestiná-los para a salvação, porque eles não podem escolher a salvação para si mesmos. Aqui é onde Wesley separasse de Calvino. Ele afirmou a doutrina da depravação total, mas subscreveu uma visão modificada, acreditando que os seres humanos são capazes de alguma escolha em relação a matéria de sua salvação.

Em seu sermão sobre o Pecado Original podemos ter um bom exemplo da posição de Wesley em relação a possibilidade do homem voltar  a Deus à parte da graça de Deus.

O homem, por natureza, está cheio de todo tipo de mal? Ele está vazio de todo o bem? Ele está completamente caído? Sua alma está totalmente corrompida? Ou, para voltar ao texto, é “cada imaginação dos pensamentos de seu coração apenas o mal continuamente?” Permita isso, e você é até agora um cristão. Negue isso, e você ainda é um pagão. “(2)

Também

“você é corrompido em cada poder, em cada faculdade de sua alma, por ser corrompido em cada poder, em cada faculdade de sua alma, por ser corrompido em cada um desses aspectos, toda a fundação do seu ser está fora de curso. Os olhos do teu entendimento estão escurecidos, de modo que não podem discernir a Deus, ou as coisas de Deus. As nuvens da ignorância e do erro repousam sobre ti, e te cobrem com a sombra da morte. Tu ainda não sabes nada como tu deverias saber, nem Deus, nem o mundo, nem a ti mesmo. Tua vontade não é mais a vontade de Deus, mas é totalmente perversa e distorcida, avessa a todo bem, de tudo o que Deus ama, e propensa a todo mal, a toda abominação que Deus odeia.”(3)

Wesley argumentou em seu tratado O que é um arminiano? Que nem Calvino afirmou mais fortemente a justificação pela fé do que Arminio e os metodistas tinham feito.(4) Isto é notável porque poucos debates dentro do protestantismo parecem tão divididos quanto as disputas entre as posições calvinista e armínio -wesleyano.

John Wesley em seus escritos tem uma linguagem forte sobre a doutrina do pecado e a real condição humana no pôs queda, imaginar que ele poderia ter uma visão elevada do homem em relação a essa temática, é no mínimo um grande desconhecimento de seus escritos, desde que não há evidencia para concluir se uma ausência de comprometimento dele com a ortodoxia, quando temos seu sermão sobre o Pecado Original a nossa frente pode-se facilmente identificar que sua opinião sobre a pecaminosidade e a inabilidade do ser humano em voltar para Deus por si, esta bem estabelecida em um período muito próximo do começo do avivamento evangélico, desde que antes de 1938, como assevera Kenneth Collins, Wesley com frequência confundia justificação com santificação.

Para Wesley as Escrituras sempre foram a autoridade final, mas poderíamos sumarizar o seu entendimento sobre a queda da seguinte forma,  Devido ao pecado Adão perdeu a semelhança com Deus, sendo assim ele perdeu toda a imagem moral de Deus – Justiça e a santidade verdadeira, mas convém observar que Wesley fazia distinção sobre o que ele considerava a imagem de Deus no homem. Seu entendimento sobre imagem moral estava vinculado a semelhança que o homem possuía com Deus a qual ele chamava de santidade, por outro lado a imagem natural era a semelhança com os fundamentos de personalidade, a saber, intelecto, sentimento e vontade. O homem assim em seu pecado perdeu completamente a moral semelhança com Deus, mas reteve em parte a imagem natural e dessa forma as consequências desse abandono de Adão foram transmitidas para sua descendência. Colocando Adão como um representante de toda humanidade e em seu pecado em algum sentido toda a humanidade pecou com ele, como bem destacado na por Kenneth Collins, a linguagem utilizada por Wesley demonstram que ele mantem assim uma afinidade com a teoria federalista calvinista ( 5). Não há como escapar da conclusão que Wesley em seus escritos retrata o homem caído em formas sombrias.

Dessa forma a depravação total em Wesley deve ser definida como uma condição moral a qual todos os homens nascem, essa depravação é morte espiritual transmitida a todos o filhos de Adão, e incluindo a corrupção de sua natureza. Algo que não pode escapar ao olhar dos leitores de Wesley é que quando ele se refere ao estado do homem natural ele quer dizer o que ele  é por natureza, ou seja, o que o homem é por sim só a parte da graça de Deus e nesses termos a imagem pintada por ele em relação a essa condição do homem sempre será sombria. E de fato, o homem deixado nesse estado não há nenhuma esperança de salvação para ele, mas aqui está o que talvez tenha sido a grande contribuição de Wesley para a teologia cristã, seu entendimento de como age a graça previniente, desde que essa se entende a todos os homens e que o presente estado do homem é não o natural somente, mas o natural mais a graça. E a forma pela qual essa graça vem ao homem não é por um caminho natural, mas tão somente de Deus através de Cristo.

O Calvinista Charles Hodge em sua Magnus opus sumariza a teologia de John Wesley e seus partidários da seguinte forma:

  • admite a depravação moral; 2) Nega que qualquer homem neste estado tenha qualquer poder de cooperar com a graça de Deus; 3) afirma que a culpa de todos por meio de Adão foi removida por justificação de todos por meio de Cristo ; E 4) habilidade para cooperar é do Espírito Santo, através da influência universal da redenção de cristo.(6)

Ou

Richard Taylor, teólogo e educador Nazareno em sua obra Exploring Christian Holiness.(7)

Jacó Armínio e John Wesley eram totalmente agostinianos nos seguintes aspectos: (a) a raça humana é universalmente depravada como resultado do pecado de Adão; (b) a capacidade do homem de querer o bem está tão debilitada que requer a ação da graça divina pra que possa alterar seu curso e ser salvo.

 

Muitos outros escritos de John Wesley poderiam ser utilizado ainda para corroborarmos a tese de  seu comprometimento com a temática proposta, mas aqui estamos limitado pelo espaço, o  que nos leva a remeter o leitor para a obra de Albert C. Outler, The Work John Wesley volumes 1-4, sermons.

Nesse sentido qualquer arminiano ou wesleyano com todo o seu coração pode afirmam a seguinte definição apresentada pelo calvinista Charles Ryrie:

“Devido aos efeitos da queda, essa relação original de comunhão com Deus foi quebrada e toda a natureza do homem foi poluída. Como resultado, ninguém pode fazer nada, mesmo coisas boas, que possam ganhar mérito soteriológico à vista de Deus. Portanto, podemos definir concisamente a depravação total como a imeritoricidade do homem perante Deus por causa da corrupção do pecado original.

O conceito de depravação total não significa (1) que as pessoas depravadas não podem ou não executam ações que são boas na visão do homem ou de Deus. Mas nenhuma ação como essa pode ganhar favor de Deus para a salvação. Nem significa (2) que o homem decaído não tenha consciência que julgue entre o bem e o mal por ele. Mas essa consciência foi afetada pela queda de modo que não pode ser um guia seguro e confiável. Nem significa (3) que as pessoas se entregam a todas as formas de pecado ou em qualquer pecado, na medida do possível.

Positivamente, a depravação total significa que a corrupção se estendeu a todos os aspectos da natureza do homem, a todo o seu ser; E a depravação total significa que por causa dessa corrupção não há nada que o homem possa fazer para merecer favor da salvação de Deus. ”

 

1) McGrath, Alister E. Christian Theology: An Introduction. 4th Edition. Malden, Massachusetts: Blackwell Publishing, 2007. p. 19.

2)Wesley, John. The Works of John Wesley. 1872. 3rd edition. Reprint. Grand Rapids, Michigan: Baker Books, 2007. III:169.

The Journal of the Revd John Wesley, AM, ed. N. Curnock (London: 1909-16), v. 116

2) Wesley. Works. VI:63.

3) http://www.umcmission.org/Find-Resources/John-Wesley-Sermons/Sermon-7-The-Way-to-the-Kingdom> acesso em 20 de Janeiro de 2017,

4) http://personaret.blogspot.com.br/2010/07/o-que-e-um-arminiano>acesso em 17de Janeiro de 2017.

5) Collins, Kenneth,  Teologia de John Wesley, pg.94

6) Hodge, Charles, Teologia Sistemática, pg. 729

7) Richard S. Taylor, Exploring Christian Holiness, pg.20