​​O problema da presciência divina no Calvinismo e por que você deve ser um Arminiano

Os calvinistas muitas vezes suscitam a acusação contra o Teismo Aberto e os Arminianos tradicionais concordam que o Teismo Aberto é biblicamente problemático. No entanto, os calvinistas muitas vezes parecem esconder as implicações infelizes de sua própria visão da presciência.

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Atos 13:48

Lucas devota Atos 13:14-52 ao ministério de Paulo e Barnabé em Antioquia da Pisídia. No segundo sábado (13:44-45), quando quase toda a cidade se reuniu para ouvir os pregadores, alguns judeus invejosos emitiram abusos verbais sobre Paulo e sua mensagem. Os dois apóstolos revidaram com uma dupla repreensão. Primeiro, visto que os judeus rejeitaram a mensagem de vida eterna, Paulo e barnabé a ofereceriam aos gentios (v. 46). Segundo, eles defenderam seu ministério aos gentios a partir de Isaias 49.6, dizendo que Deus os designara para ministrar aos gentios (v.47). Lucas registra dois resultados desta mudança de estratégia: (1) os gentios se alegraram e horaram a palavra do Senhor, e (2) “creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna.” (48) Precisamos perguntar o que Lucas quer dizer ao afirmar que os gentios foram designados (usando o verbo tassõ) para a vida eterna. Qual é o significado e a importância desta designação ( a NRSV e a NJB traduzem isto como o verbo “destinado”)?

Embora a pregação dos apóstolos tenha impressionado alguns judeus e alguns prosélitos (v. 43), os judeus de influencia obviamente se sentiram ameaçados com a popularidade dos visitantes cristãos. Os gentios que estavam ouvindo talvez não tenham percebido as complexibilidades da teologia do At, porém quando Paulo dirigiu sua mensagem a eles e eles entenderam que a vida eterna estava em seu alcance, eles declararam sua alegria e louvor ao Senhor cuja palavra ouviram e abraçaram.

Conforme BDAG,  o verbo tassõ  tem o sentido básico de “arranjar, colocar no lugar,” ou “ordenar, fixar, determinar, designar.”279 Todos estes sentidos ocorrem na LXX. F.F. Bruce vê uma forte predestinação sendo ensinada aqui e não quer diminuir a foça deste verbo.  Ele cita a evidencia de papiros em que tassõ pode significar “inscrever” ou “arrolar’ e, portanto, lê o significado desta forma:” todos, de fato, que haviam sido arrolados para vida eterna nos registros dos céus.”280 Mas esta interpretação não é persuasiva. BDAG dá o uso do verbo aqui com uma nuance muito diferente: “pertencer a, ser classificado entre os que possuem.”281 Louw e Nida em seu léxico dão o sentido do verbo tassõ como “fazer algo com dedicação.” O que apoiaria o sentido: ”creram todos os que haviam sido dedicados [ou dispostos] para a vida eterna.”

Se a voz deste particípio for passiva, ele pareceria apontar para Deus como o agente (como em Atos 22:10): “designados por Deus para a vida eterna.” Embora I.H.Marshall admita que uma interpretação predestinacionista seja possível, ele defende, “isto poderia também se referir ao que já haviam colocado sua confiança em Deus de acordo com a revelação do Antigo Testamento da sua graça e estavam arrolados em seu povo, ou talvez queira dizer que os gentios creram em virtude do fato que o plano da redenção de Deus os inclui.”282 Deus pode ser o agente desta ”designação”, mas ela não precisa se referir a uma eleição especifica de certos indivíduos apenas. Falando dos arrolados ou designados. Delling observa, ”hosoi [“tanto quantos”] dificilmente significa que um numero específico foi  designados, mas distingue convertidos de outros ouvintes.”283

Há outra possibilidade: o uso de Lucas desta forma verbal também poderia ser uma voz média que sugeriria que o sujeito do verbo (os gentios) participou na ação resultante da “designação” ( ou  sua “dedicação” ou “disposição”) de alguma forma.284 Nesse caso o sentido seria “creram tantos quantos que arranjaram a vida eterna por sim mesmo” ou “creram tantos quantos que se estabeleceram para a vida eterna.”285

Duvido que Luca esteja afirmando alguma eleição peremptória de certos indivíduos para que eles, e somente eles, sejam capazes a crer. Isto se encaixaria mal no contexto. O fracasso dos judeus em ganhar vida eterna se atribuiu a sua rejeição a Palavra de Deus, não a uma previa decisão de Deus em restringir seus nomes do livro daqueles predestinados a crer. Lucas deia isto abundantemente claro quando ele cita Paulo e Barnabé se dirigindo aos seus irmãos judeus: “Era necessário anunciar primeiro a vocês a palavra de Deus; uma vez que a rejeitam e não se julgam dignos da vida eterna, agora nos voltamos para os gentios” (Atos 13:46); ênfase acrescentada). Os judeus se desqualificaram; não foi falha de Deus ao elegê-los. Até este ponto, o contexto maior de Atos também argumenta contra uma eleição peremptória por Deus que determina quem crê. Em seu sermão no dia de Pentecoste, Pedro cita Joel ao enfatizar que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Atos 2.21). Aqui Pedro usa a forma média do verbo “chamar” (grego epikaleõ). Em outras palavras, todos  aqueles  que invocarem o nome de Jesus por si mesmos serão salvo. Este é o padrão de Lucas para salvação; pessoas tomam a decisão de invocar Jesus ou de rejeitá-lo. Infelizmente aqui em antioquia da Pisídia, estes judeus decidiram rejeitar.

Que contraste com os gentios que, ao ouvir as boas novas, se alegram honram a Palavra, e creem. Certamente neste contexto Lucas não pretende restringir ir a aplicação da salvação  apenas aos  previamente designados por Deus.  Em vez disso, ele mostra que a esfera de aplicação  da salvação tem que se expandir, de apenas oss judeus para os gentios crentes (por isso o uso de Isaias 49.6 no v.  47).286 A questão chave na salvação diz respeito se as pessoas aceitam ou rejeitam a palavra do senhor. Os que rejeitam a palavra se desqualificam da vida eterna. Neil comenta a respeito deste texto:

Não é em qualquer sentido estritamente predestianacionista, como se alguns estivessem programados para salvação e outros para danação; a bíblia constantemente enfatiza o elemento da livre escolha: podemos aceitar ou rejeitar a Palavra de Deus. Neste caso os judeus de Antioquia como um todo rejeitam a oferta de vida eterna, enquanto alguns – mas de modo algum todos – dos gentios a aceitam. Os que aceitam o evangelho cumprem o proposito de Deus que todos os homens sejam salvos, e por sua resposta mostram que são dignos de ser numerados como santos nos céus.287

Portanto, os crentes são “os designados,” um titulo que obviamente é paralelo aos “escolhidos” (cf. Marcos 13.20,22,27, par.) e “os chamados.” Os que são “designados” se posicionaram para crer. Lucas vê os que assim se designaram como um grupo corporativo; eles como crentes, se opõem aos que rejeitam a mensagem.288 Este padrão se repete  na próxima cidade, Icônio, em Atos 14.1. A salvação se volta para a disposição das pessoas a crer.


279 BDAG, 991. Eles localizam esse versículo sob o sentido de “colocar no lugar.” Lucas também usa o verbo em Atos 15.2; 22.10. L&N, 590

280 Bruce, Acts,267. Peterson, The Acts, 399, denominia isto “como uma declaração sem reservas de predestinação absoluta – “o proposito eterno de Deus “ (Calvino) – que se encontra em qualquer lugar do NT,” que virtualmente repete o  que Barrett, Acts of the Apostles, Vol. 1,658, também diz, “ O presente versículo é como uma declaração sem reservas de predestinação absoluta…que se encontra em qualquer lugar do NT”.

281 BDAG, 991

282 Marshall, Acts, 231

283 Delling, “tassw, “ 28

284 Sobre a força da voz média Wallace, Gramatica Grega, 414-15 diz,”Mas, em geral, o sujeito médio pratica ou experimenta a ação expressa pelo verbo de uma maneira tal que enfatiza a participação do sujeito. Pode-se dizer que o sujeito age’ comum interesse revestido.’” Robertson, A Grammar, 804, diz”que o médio dá uma atenção especial ao sujeito.”

285 Em minhas traduções as palavras em itálicos mostram a especial nuance da voz média. O grego também poderia ser interpretado, empregando o sentido do verbo médio. “creram, todos os que estabeleceram a vida eterna por si mesmos.”

286 “…Eu fiz de vocês luz para os gentios, para que você leve a salvação até aos confins da terra.”

287  Neil, Acts, 161

288 Esta forma de colocar eleição corporativa e semelhante a que vimos em  alguns textos judaicos; cfr. Sl 69.28; Dn 12.1; 1En 47.3, 104.1, 108.3; Jub. 30.20,22; b. Ber.61b; e Qumran CD 3,20.

Fonte: O Novo Povo Escolhido, pgs 136-139. Ed. Canon.

Autor: William W. Klein

 

 

 

OS ARMINIANOS ODEIAM A SOBERANIA DE DEUS?

 

Por William Birch

A pergunta “Por que os arminianos odeiam a soberania de Deus?” foi feita recentemente por um calvinista chamado Avery que faz muitas suposições sobre os arminianos. Mas nós poderíamos, em contrapartida, perguntar: “Por que os calvinistas presumem que os arminianos odeiam a soberania de Deus?” A pergunta pressupõe que os arminianos sabem absolutamente que a crença calvinista em relação à soberania de Deus, que é contextualizada nos moldes do determinismo exaustivo e meticuloso, é o ensino correto e bíblico, e que nós conscientemente rejeitamos e odiamos esta posição

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O Calvinismo leva ao Universalismo

– Roger E. Olson

Está bem, talvez o Calvinismo não leva ao Universalismo inexoravelmente – como se todo calvinista devesse tornar-se um universalista. Entretanto, muitos teólogos universalistas proeminentes são/eram reformados e criam que seus conceitos calvinistas da soberania de Deus os compeliam finalmente a abraçar o Universalismo.

Dois notáveis exemplos vêm à mente: Friedrich Schleiermacher e Karl Barth. Sim, eu sei que alguns reformados rejeitarão um ou ambos – como não verdadeiramente reformado. Entretanto, alguém não consegue ler The Christian Faith de Schleiermacher e não perceber seus vigorosos princípios calvinistas. Para Schleiermacher Deus é a realidade toda-determinante e é por isso que ele rejeita a oração petitória – porque ela implica que Deus já não sabe o que é melhor. Para Schleiermacher, qualquer coisa que esteja acontecendo, incluindo o pecado e o mal, foi preordenado e tornado certo por Deus.

Schleiermacher abraçou o Universalismo porque ele não conseguia reconciliar o Deus de Jesus Cristo todo-determinante com o inferno. Se Deus é amor e todo-determinante, devemos concluir que há um propósito amoroso para tudo que acontece. Se Deus é o autor do pecado e do mal, então a punição eterna de pecadores no inferno é injusta. Schleiermacher o calvinista percebia a questão claramente e tirou a única conclusão lógica de sua elevada visão do amor e soberania de Deus.

Apesar de todas as suas diferenças de Schleiermacher, Karl Barth seguiu o mesmo caminho básico do Calvinismo ao Universalismo. Eu sei que alguns estudiosos de Barth não creem que ele foi universalista e que ele não adotou esse rótulo. Mas eu creio que o Universalismo está implícito em sua doutrina da eleição na qual se diz que Jesus é o único homem reprovado. Barth notoriamente declarou que nosso “não” a Deus não pode resistir ao “sim” de Deus a nós em Jesus Cristo. Para Barth, Deus é “Aquele que ama em liberdade”. Deus é também todo-determinante em sua soberania. Barth chamava sua soteriologia de “supralapsarianismo purificado” – purificado do inferno, mas todavia supralapsário! Barth percebia corretamente que a lógica interna do Calvinismo deve levar ao Universalismo SE ele levar a sério o amor como natureza de Deus.

A única maneira de um calvinista evitar o Universalismo é transformar Deus em um monstro moral que para sua própria glória condena ao inferno pessoas que ele poderia salvar. Uma vez que você entende, entretanto, que o inferno é totalmente desnecessário porque a cruz foi uma revelação suficiente da justiça de Deus, o inferno torna-se não apenas supérfluo, mas completamente injusto.

Digo algumas vezes que SE eu pudesse ser universalista, eu poderia ser calvinista. Bem, eu ainda teria o problema da responsabilidade humana. Mas meu ponto é que eu não me importo com o livre-arbítrio exceto na medida em que ele é necessário para explicar por que um Deus de amor permite que algumas pessoas pereçam eternamente. Se eu pudesse crer que Deus salva a todos incondicionalmente, que é o que eu penso que Barth cria, eu poderia ser calvinista. Uma razão de não poder ser calvinista é porque ser calvinista exigiria de mim que eu lançasse fora todos os textos bíblicos sobre o inferno porque eu não teria interesse em até mesmo ser cristão se o Deus do Cristianismo fosse um monstro moral.

Fonte:http://www.rogereolson.com/…/calvinism-leads-to-universali…/

Tradução: Paulo Cesar Antunes

OS PAIS DA IGREJA PRIMITIVA ENSINARAM AS DOUTRINAS CALVINISTAS?

Esta informação histórica pode ser útil na sua busca pela perspectiva soteriológica mais sólida. Mesmo o notável historiador calvinista, Loraine Boettner, admitiu: “Esta verdade fundamental [calvinismo] do cristianismo foi primeiramente ensinada claramente por Agostinho, o grande teólogo cheio do Espírito do Ocidente”.

Considere este artigo produzido por Tim Warner em 2003:

Antes dos escritos de Agostinho, a Igreja sustentava universalmente que a humanidade tinha um livre arbítrio. Cada homem era responsável diante de Deus para aceitar o Evangelho. Seu destino final, enquanto totalmente dependente da graça e do poder de Deus, também dependia de sua livre escolha de submeter-se ou rejeitar a graça e o poder de Deus. Nos três séculos dos Apóstolos a Agostinho, a Igreja primitiva não considerou NENHUM dos cinco pontos do Calvinismo. Os escritos da Igreja ortodoxa, durante os primeiros três séculos, estão em contraste com as ideias de Agostinho e Calvino. O homem é plenamente responsável por sua escolha para responder ou rejeitar o Evangelho. Esta era considerada a doutrina apostólica transmitida através dos anciãos da igreja local ordenados pelos Apóstolos e seus sucessores. Abaixo temos listado algumas citações representativas dos escritores anteriores, a fim de dar o sabor da tradição mais antiga em relação à eleição e livre arbítrio. Alguns lidam com o tema da perseverança e apostasia.

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Será que Tudo É “a Vontade de Deus”?

Jack Cottrell

PERGUNTA: Nosso pastor diz que tudo é a vontade de Deus. Será que isso é verdadeiro? Como nós podemos entender “a vontade de Deus”?

RESPOSTA: Para saber o que o seu “pastor” quer dizer quando ele diz que “tudo é a vontade de Deus”, eu teria que saber se ele é ou não calvinista. Deixe-me explicar.

As palavras do Novo Testamento para “vontade”, conforme usadas no contexto da “vontade de Deus”, podem significar uma de três coisas: desejo, propósito ou permissão. Tendo em vista esta variedade de conotações, é certamente correto dizer: TUDO QUE ACONTECE É A VONTADE DE DEUS. Porém, duas pessoas diferentes podem fazer esta mesma afirmação e querer dizer por ela duas coisas completamente diferentes.

Em primeiro lugar, quando um calvinista faz esta afirmação, ele quer dizer que tudo o que acontece é a vontade de Deus nos dois primeiros sentidos da palavra “vontade”, a saber, “desejo” e “propósito”. Os calvinistas começam com o conceito de um “decreto eterno”. Ou seja, antes que qualquer coisa aconteça, Deus esboça em sua mente um projeto detalhado e meticuloso que inclui tudo o que vai acontecer dentro da criação que Ele está prestes a trazer à existência. Neste sentido, o projeto é abrangente. Além disso, tudo no projeto (decreto), seja na esfera da natureza ou na esfera das ações humanas, é resultado da exclusiva opção de Deus. Ele é o único que tem influência sobre o projeto, sobre qualquer coisa que seja inserida nele. Nós criaturas humanas não temos NADA a ver com o projeto; o decreto é totalmente incondicionado por qualquer coisa fora de Deus. O que quer que esteja no decreto, está lá porque Deus QUER que esteja lá e ponto final. Isso inclui todas as ações e decisões humanas aparentes. Assim, tudo o que acontece é a vontade de Deus no sentido que Ele assim o DESEJA.

Este decreto eterno também é descrito como eficaz ou causal. Isto é, o que quer que aconteça no nosso mundo, acontece porque estava no decreto e ponto final. Deus o colocou ali porque Ele quer que aconteça e porque é o seu propósito eterno FAZÊ-LO acontecer. Essa é a verdadeira história do mundo: Deus transformando Seu eterno decreto em realidade. Assim, tudo o que acontece é a vontade de Deus no sentido que faz parte do Seu PROPÓSITO. E se é o seu propósito, Ele vai se assegurar de que ele aconteça. O que quer que acontece é desejado por Deus, planejado por Deus e no final das contas causado por Deus. Como resultado deste sistema temos a crença comum de que “tudo acontece por uma razão” ou “há um propósito para tudo”.

Um calvinista diz que Deus tem um “plano predeterminado” para tudo. “Ele é o que VAI ACONTECER. É inevitável, incondicional, imutável, irresistível, abrangente e intencional… Ele inclui tudo – até mesmo o pecado e o sofrimento. Ele envolve tudo – até mesmo a responsabilidade e as decisões humanas.”[1] Outro diz que “a resposta definitiva à questão do por que uma coisa é e porque ela é assim deve sempre permanecer: ‘Deus a quis’, de acordo com a sua absoluta soberania.”[2]

Em meu julgamento, a referida abordagem à “vontade de Deus” é inteiramente falsa. ALGUMAS coisas acontecem porque Deus as intenciona e deseja, porém não tudo. É especialmente importante saber que a palavra “vontade” também pode significar “autorizar, permitir”. Quando compreendemos isso, podemos verdadeiramente dizer que TUDO O QUE ACONTECE É A VONTADE DE DEUS, mas não no mesmo sentido!

É claro que Deus decreta ou intenciona que algumas coisas aconteçam, principalmente coisas relacionadas à criação e à redenção. A cruz, por exemplo, foi pré-determinada (At 2.23). Porém, visto que Deus criou este mundo para ser habitado por criaturas com livre-arbítrio, a maioria das coisas que acontecem nele não são o propósito de Deus, mas sim PERMITIDAS por Ele. Deus deseja que nós, criaturas com livre-arbítrio, façamos muitas coisas que não fazemos (por exemplo, 2Pe 3.9) e Ele deseja que NÃO façamos muitas coisas que nós fazemos (especialmente cometer pecados). Assim, a Sua vontade, no sentido de “desejo”, nem sempre acontece. Porém, até mesmo nesses tipos de casos, o que quer que aconteça, acontece SOMENTE porque Deus PERMITE que aconteça.

Tg 4.13-15 identifica claramente esse aspecto da vontade divina: “Eia agora vós, que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade e lá passaremos um ano e contrataremos e lucraremos. ‘Portanto vocês não sabem como será a vossa vida amanhã. Vocês são apenas um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece’. Em vez disso, vocês deveriam dizer: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e também faremos isto ou aquilo.’” Aqui, “se o Senhor quiser” significa “se o Senhor permitir” no mesmo sentido que At 18.21 e 1Co 4.19 (confira Rm 1.10; 15.32; 1Pe 4.19). O ponto é que Deus PODERIA EVITAR qualquer coisa que está prestes a acontecer se Ele optar por assim fazer e, às vezes, segundo a Sua vontade de propósito, ele faz justamente isso (Lc 12.20).

Porém, na maioria dos casos Ele deseja PERMITIR que isso aconteça de acordo com nossos próprios planos e escolhas, permitindo assim que as nossas escolhas livres determinem o nosso próprio destino. Ainda assim, mesmo quando Deus está PERMITINDO que tais coisas aconteçam como resultado de nossas próprias vontades, Ele está querendo que elas aconteçam no sentido que Ele está permitindo que elas aconteçam. Assim, até mesmo essas coisas são a vontade de Deus – porém NÃO no sentido que Ele está intencionando ou causando essas coisas. Elas são resultado da sua vontade permissiva apenas.

Assim – o que o seu pastor quer dizer quando afirma que “tudo é a vontade de Deus”? Se ele quer dizer que Deus decretou tudo e está causando tudo de acordo com seu próprio propósito eterno, isso não é bíblico. Mas se ele quer dizer que algumas coisas são a vontade de Deus no sentido que Ele as intenciona e causa, porém, outras coisas são a vontade de Deus apenas no sentido que Ele as permite, então ele está correto. A última é a visão bíblica.

[Alguns calvinistas dizem que algumas coisas (geralmente pecados) acontecem apenas por causa da vontade permissiva de Deus; porém, o conceito de verdadeira permissão é incompatível com o decreto eterno com o qual eles estão comprometidos. Portanto, os calvinistas sempre devem redefinir permissão, até que ela se torne sem sentido ou contraditória. Várias vezes eu tenho ouvido os calvinistas usarem a expressão “permissão eficaz” – o que é uma óbvia contradição de termos.][3]

Tradução: Cloves Rocha dos Santos
www.arminianismo.com

O ARMINIANISMO E A QUESTÃO DO MÉRITO

 

Por Paulo Cesar Antunes

Não são poucos aqueles que alegam que o Arminianismo faz a salvação não ser uma obra puramente da graça. Ainda que Arminius tenha respondido esta questão de forma satisfatória, muitos calvinistas não estão convencidos.

Para responder, a primeira coisa que precisamos entender é: quando se caracteriza o mérito? Mérito há quando alguma pessoa faz algo por merecer, passando a ser digna de alguma recompensa. Se um empregado trabalha durante um mês, seu salário é uma questão de direito. Ele fez por merecer. Por outro lado, se esse mesmo empregado faltou ao trabalho sem justo motivo durante todo o mês, ele não teria o que reivindicar. Ele não fez nada por merecer. Caso seu patrão ainda assim lhe pague é por pura generosidade.

Um pecador se encontra numa situação parecida com a desse relapso empregado. Ele não tem o que reclamar a Deus. Deus não lhe deve nada. Se, mesmo assim, por pura generosidade e misericórdia, Deus lhe concede salvação, este pecador continua sem mérito algum, ainda mais quando levamos em consideração que ele é salvo através dos méritos da morte de Cristo. Cristo sofreu em seu lugar. Ele não sofreu nem sofrerá a pena por nenhum de seus pecados. No entanto, o pecador precisa crer no sacrifício de Cristo. Só assim ele obtém os benefícios de Sua morte. É exatamente neste ponto que levantam contra o Arminianismo a acusação de mérito, pois se a fé verdadeiramente precede a regeneração, e a fé é algo que o pecador precisa ter e não que Deus irresistivelmente a dá, segue-se que crer torna o pecador merecedor da salvação.

Essa objeção não procede por algumas razões. Primeiro, porque merecedor o pecador somente seria se fosse salvo pelas obras, e a Bíblia deixa nítido o contraste entre fé e obras:

Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé (Rm 3.27).

Segundo, porque a fé não é algo que o pecador faz para merecer a salvação mas para recebê-la. E é completamente ilógico afirmar que uma pessoa indigna ganhe crédito por aceitar um presente doado liberalmente. Aceitar um presente não transforma alguém indigno em digno de recebê-lo. Se assim fosse, esse presente deixaria de ser o que é, uma doação generosa, e passaria a ser uma dívida. Pois, admitir esta hipótese é chegar à conclusão absurda de que seria impossível doar um presente a alguém que não o merece, porque, logo que esse alguém o aceitasse, passaria a ser merecedor dele.

Terceiro, porque o que acompanha a fé salvadora é justamente o reconhecimento de falta de mérito. Quando um pecador se lança aos pés de Jesus, ele está reconhecendo justamente sua total incapacidade de salvar a si próprio. Ele deposita sua confiança, não em seus próprios esforços, mas na obra expiatória de Cristo. Dizer que alguém tem méritos por reconhecer sua falta de méritos é tão absurdo quando afirmar que alguém é forte por reconhecer sua fraqueza.

Na melhor das hipóteses os calvinistas concordariam perfeitamente com o que foi dito, mas o que eles alegam é que, se de si próprio o homem gerar algo que o beneficie em sua própria salvação, a salvação deixa de ser totalmente pela graça de Deus. Mas o Arminianismo não ensina que a fé é gerada pelo homem. É, da mesma forma que no Calvinismo, uma obra da graça. A diferença apenas é que, o Calvinismo vê a fé como um dom incondicional e irresistível àquele que foi eleito, enquanto o Arminianismo ensina que a fé é um dom no sentido que a fé não seria possível sem o auxílio da graça. Na concepção arminiana, o Espírito Santo trabalha no coração do pecador, não tornando a fé necessária, mas possível. Isto quer dizer que o homem tem liberdade para aceitar ou rejeitar a graça que lhe é oferecida. Deus concede fé salvadora àqueles que se mostram receptivos à Sua graça.

Os calvinistas objetam que, se for assim, então o homem tem verdadeiramente uma parte em sua salvação, tornando-a uma obra conjunta entre Deus e o homem. É necessário ressaltar que a fé não é a parte do homem na salvação, mas o meio pelo qual ele a recebe. Não é que o homem faz uma parte e Deus faz o resto. A fé é justamente a confiança que Deus fará tudo (não somente uma parte) o que for necessário para a sua salvação. Como o calvinista J. Gresham Machen acertadamente coloca:

A fé do ser humano, corretamente concebida, não pode nunca permanecer em oposição à plenitude com a qual a salvação depende de Deus: nunca pode significar que o ser humano faz uma parte enquanto Deus apenas faz o resto, pela simples razão de que a fé não consiste em fazer alguma coisa mas em receber alguma coisa.[1]

Mas ainda assim os calvinistas querem saber dos arminianos: se a salvação é inteiramente pela graça, por que uma pessoa crê e outra não? Ou, como Sproul sarcasticamente coloca, “Por que você reconheceu sua desesperada necessidade de Cristo, enquanto seu vizinho não o fez? Foi porque você era mais justo que seu vizinho, ou mais inteligente?”[2] Sproul está insinuando que, no Arminianismo, o que diferencia um crente de um incrédulo não é a graça de Deus mas a vontade do homem. Esta objeção é um tanto capciosa, e, para respondê-la, alguns esclarecimentos são necessários.

O homem é uma pessoa, criado à imagem e semelhança de Deus. Dessa forma Deus o trata, como pessoa. Numa relação pessoal você influencia e espera ser correspondido. A decisão de corresponder ou não tem que estar em poder da pessoa que está sendo influenciada, não da que influenciou. Não é inteligente nem gratificante causar amor em outra pessoa. Ainda que Deus detenha esse poder, usá-lo seria esvaziar o amor de sua beleza. Amor é conquistado, não causado. Amor irresistivelmente causado é uma ilusão.

O Calvinismo enxerga a relação entre Deus e o homem de uma outra forma. Sproul, por exemplo, nos explica como Deus produz fé no homem:

Para receber o dom da fé, de acordo com o calvinismo, o pecador também deve estender a sua mão. Mas ele assim o faz apenas porque Deus mudou a disposição do seu coração para que ele mais certamente deseje estender a sua mão. Pela obra irresistível da graça, ele nada fará a não ser estender a sua mão. Não que ele não pudesse reter a sua mão mesmo se não quisesse, mas ele não pode não querer estender a sua mão.[3]

Ou seja, Deus causa fé no homem, o homem não tem outra escolha a não ser crer. Isso é um tanto estranho para uma relação pessoal. Schaff deve ter percebido esta implicação quando disse que “ninguém é salvo mecanicamente ou pela força.”[4] Não é que os calvinistas concebem que o homem se relaciona com Deus como uma máquina, mas apenas que a resposta do homem é o efeito inevitável da causação divina.

Então, respondendo a pergunta „por que uma pessoa crê e outra não?‟, respondemos que Deus, como Ser pessoal, quis relacionar-se com Suas criaturas como seres pessoais, de forma recíproca.

Mas esta resposta ainda não satisfaz. Os calvinistas ainda querem saber: “Se todos recebem uma medida suficiente da graça de Deus para ser salvos, e alguns não se salvam, o que diferenciou um salvo de um não salvo? Não pode ter sido a graça de Deus, visto que todos a receberam.”

Esta objeção parece desprezar um ponto fundamental da teologia arminiana. Ora, se Deus nos deu real liberdade de escolha, obviamente nossa escolha será decisiva em nossa salvação. Não seremos salvos pela nossa escolha, mas sem nossa escolha não seremos salvos de forma alguma.

Mas a objeção é capciosa por dois motivos. Primeiro, ela coloca ênfase demais na resposta do homem, fazendo-a parecer o fator preponderante na salvação. A resposta do homem é um fator importante mas não preponderante. Ela, por exemplo, teria alguma utilidade se Deus não a considerasse relevante? Obviamente, se colocarmos ênfase demais em um fator (seja a resposta do homem, seja a morte de Cristo, seja o convencimento do Espírito Santo), e desprezarmos os outros, somos levados a crer que aquele é o fator preponderante, quando, na verdade, não o é. O fato é que existem vários fatores envolvidos na salvação, sendo a resposta do homem apenas um deles, mas a base da nossa salvação não é outra coisa senão a justiça de Cristo imputada ao crente, e esta obra é de Deus apenas. Por mais objeção que o calvinista levante, a base da salvação no Arminianismo continua a mesma: a justiça de Cristo. E isso nos dá todo o direito de creditar toda a nossa salvação a Deus. A fé não é a base mas a condição da salvação. Se os calvinistas fizessem esta distinção, teriam poupado os arminianos de mais esta acusação.

O que, também, eles não levam em consideração quando fazem esta objeção é que a fonte de todos os fatores envolvidos na salvação é a graça de Deus. Dela flui tudo o que nos é necessário, inclusive a concessão graciosa de decidirmos juntamente com Ele o nosso destino eterno.

E o segundo motivo dessa objeção ser capciosa é que, se não for assim, teríamos que adotar a desagradável seleção arbitrária, da qual estamos justamente querendo fugir.

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[1] J. Gresham Machen, citado em J. I. Packer, Fundamentalism and the Word of God, p. 172.
[2] R. C. Sproul, Eleitos de Deus, p. 93.
[3] R. C. Sproul, Sola Gratia, p. 147.
[4] Philip Schaff, History of the Christian Church, Livro 3, Capítulo XIV, § 114.

Paulo Cesar Antunes
Site: http://www.arminianismo.com/

1Jo 2.19

Por Paulo Cesar Antunes –

“Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.”

Este texto é muito parecido com o de 1Co 11.19 (“E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós”).

Aqueles que defendem a impossibilidade de apostasia final usam este verso para tentar provar que todos aqueles que abandonam a comunhão dos cristãos nunca foram, na verdade, crentes verdadeiros. Se fossem, teriam permanecido entre eles. Não irei fazer aqui uma defesa da apostasia final. Outros versos podem prová-la.

John Gill acredita que esta passagem foi usada para que “não se forneça nenhum argumento contra a perseverança dos santos.”[1] Quero tanto mostrar que não foi esta a intenção do apóstolo como provar que este verso não fornece nenhum argumento a favor da perseverança dos santos.

Apresentarei, em primeiro lugar, o entendimento calvinista comum deste verso, e então passarei a mostrar por que ele não é justificável.

Citarei apenas Albert Barnes, considerando que ele conseguiu extrair em um único comentário praticamente todo o entendimento calvinista do verso. Ele diz que “esta passagem prova que estas pessoas, quaisquer que tenham sido suas pretensões e profissões, nunca foram cristãos sinceros. A mesma observação pode ser feita de todos que se apostatam da fé, e se tornam professores do erro. Eles nunca foram verdadeiramente convertidos; nunca pertenceram realmente à igreja espiritual de Cristo.” Falando especificamente da frase “se fossem de nós, ficariam conosco,” ele conclui que “não poderia haver uma afirmação mais positiva do que essa que está contida aqui, que aqueles que são verdadeiros cristãos continuarão a ser como tais; ou que os santos não decairão da graça.”[2]

Antes de avaliar estas afirmações, é necessário que se diga que as versões não concordam entre si quanto ao texto “não são todos de nós.” Em lugar de “são” algumas versões trazem “eram,” e a palavra “todos” não é encontrada em algumas delas (a versão siríaca, por exemplo). Se a versão correta for “não eram todos de nós,” então, como observam Jamieson, Fausset e Brown, “esta tradução significaria que alguns dos anticristos são de nós.”[3] Adam Clarke chega até a sugerir que “estes falsos mestres provavelmente afastaram muitas almas sinceras com eles; e é provável que o apóstolo alude a isto quando diz, não eram TODOS de nós. Alguns eram; outros não eram.”[4] De qualquer forma, nenhuma versão diz que “eles nunca foram de nós,” o que decidiria toda a questão. Da forma como está, pode ser entendido perfeitamente que, em algum momento anterior não especificado, “eles não eram de nós.” Se ou não alguma vez foram, o apóstolo não nos diz. Sua apostasia demonstrou que não eram de nós, não que eles nunca foram verdadeiramente convertidos. Pode até ser que foram, dada a linguagem do apóstolo, que fala do diabo como aquele que “peca desde o princípio” (1Jo 3.8), o que certamente não significa que o diabo peca desde o princípio de sua existência. Em algum momento o diabo se apostatou, e por isso pode ser dito que ele peca desde o princípio (de sua apostasia). A sua apostasia demonstrou que o diabo não era um verdadeiro servo de Deus, senão ele teria permanecido entre os servos de Deus, mas isto está longe de provar que o diabo nunca foi um verdadeiro servo de Deus.

Mas aqueles que defendem a possibilidade de apostasia final não necessitam recorrer à gramática e incerteza das versões. Uma leitura cuidadosa do texto pode demonstrar que nele não há nenhuma indicação de que aqueles que saíram da comunhão dos crentes nunca foram verdadeiramente convertidos. A primeira coisa que devemos fazer é perguntar: De quem o apóstolo está falando? Ele está falando de “anticristos” (1Jo 2.18), não de todas as pessoas de todas as épocas que abandonam a comunhão dos cristãos. Barnes reconhece que João está falando daquelas pessoas, mas acrescenta que o texto pode ser considerado como uma verdade universal. E é aqui exatamente onde os calvinistas se enganam. É uma falácia muito bem conhecida dizer que, o que é verdade em alguns casos, deve ser verdade em todos. Esta única consideração é suficiente para provar que este verso não favorece a doutrina da perseverança dos santos.

[1] John Gill, Exposition of the Entire Bible, comentários sobre 1Jo 2.19.
[2] Albert Barnes, Notes on the Bible, comentários sobre 1Jo 2.19.
[3] Jamieson, Fausset e Brown, Commentary, comentários sobre 1Jo 2.19,
[4] Adam Clarke, Commentary on the Bible, comentários sobre 1Jo 2.19.

POR QUE A FÉ PRECEDE A REGENERAÇÃO?

por Paulo Cesar Antunes

– EM PRIMEIRO LUGAR, as Escrituras afirmam que a fé precede a regeneração (Is 55.3; Jo 3.1-16; Jo 5.25, 40; Jo 20.31; Rm 5.18; Cl 2.12, 13).

– EM SEGUNDO LUGAR, para dar início a uma obra em nós (regeneração), Deus precisa fazer uma obra fora de nós (justificação). A justificação, portanto, deve preceder a regeneração, e como a justificação é pela fé, a fé precede a regeneração.

– EM TERCEIRO LUGAR, visto que a nossa sentença de morte é devida ao pecado, essa sentença deve ser colocada de lado antes que possamos desfrutar de uma nova vida. Alguém ainda sob condenação não pode logicamente vir a desfrutar de uma nova vida. Em outras palavras, Deus não pode regenerar uma pessoa enquanto uma sentença de morte pesa sobre ela. Para que ela possa desfrutar de uma nova vida, é preciso haver uma liberação de sua pena, ou seja, a pessoa precisa ser justificada de seus pecados. Portanto, a justificação, e a fé, precedem a regeneração.

– EM QUARTO LUGAR, a fé é o meio pelo qual nós nos apropriamos dos benefícios da morte de Cristo, e visto que a regeneração é um benefício da morte de Cristo, a fé deve preceder a regeneração. O raciocínio é simples e lógico:

1. A fé é o meio pelo qual nós nos apropriamos dos benefícios da morte de Cristo.
2. A regeneração é um benefício da morte de Cristo.
3. Logo, a fé é o meio pelo qual nós nos apropriamos da regeneração.

– EM QUINTO LUGAR, a Bíblia é enfática que a fé precede a salvação. Por exemplo, Paulo diz em Atos 16.31, “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” E sendo a regeneração um componente da salvação, a fé precede a regeneração. Novamente, o raciocínio é simples e lógico:

1. A fé precede a salvação.
2. A regeneração é parte integrante da salvação.
3. Logo, a fé precede a regeneração.

– EM SEXTO LUGAR, a santificação está baseada na justificação e tem início na regeneração. O calvinista Louis Berkhof afirma, em sua Teologia Sistemática, que “a justificação precede à santificação e lhe é básica” e que “a regeneração é o princípio da santificação” (3ª ed., 1994, p. 540). Se colocarmos tudo isso em ordem, veremos claramente que a justificação precede a regeneração. Portanto, a fé precede a regeneração.