“O Senhor fez tudo para o seu propósito,
mesmo os perversos para o dia da angustia.”
Os calvinistas frequentemente citam este versículo para apoiar a conclusão de que algumas pessoas são criadas perversamente com o propósito expresso de serem enviadas para o inferno. Já que a Escritura ensina que Deus é amor (1 João 4:8, 16), que Deus ama todas as pessoas (João 3:16) e assim não quer afligir ninguém (Lm. 3:33) ou a sua condenação (Ez. 18:30-32; 33:11; 1Tm. 2:4; 2Pd 3:9), nós devemos buscar uma interpretação diferente.
Uma interpretação alternativa não é difícil de encontrar. Provérbios 16:4 está usando a linguagem da ordem moral. Deus estabeleceu a criação de tal forma que o bem é (eventualmente) recompensado e o mal é (eventualmente) punido. Neste sentido, o “propósito” para os maus se encontra no “dia da angústia” que lhes sobrevirá. É significativo notar que o verbo traduzido no NRSV como “feito” (paw-al‘) pode ser traduzido como “desenvolveu” (como no NVI), uma observação que confirma a nossa interpretação. Deus dirige a maldade dos agentes para que o seu fim eventualmente se ajuste à ordem moral da criação. Além disso, a palavra traduzida como “propósito” (ma’ neh) pode ser traduzida como “resposta “*.
O significado da passagem, então, é que Deus opera as coisas para que o fim dos ímpios “responda” à sua perversidade. Eles eventualmente colhem o que semeiam. Assim, não precisamos aceitar o quadro diabólico de Deus criando certas pessoas com o propósito expresso de tê-las sofrendo interminavelmente no inferno.
Nota
*VejaD. Clines, “Predestination in the Old Testament,” in Grace Unlimited, ed. C. Pinnock (Minneapolis, MN: Bethany House, 1975), 122.