A compreensão de W. L. Craig sobre a liberdade: Molinismo ou monergismo?

 

Por Terrance L. Tiessen

Em dezembro, encerrei minha revisão de Four Views on Divine Providence, lidando com as respostas à proposta do Teista Aberto Greg Boyd. Nesse post, expressei minha surpresa com relação à redefinição da liberdade libertária de William Lane Craig, na qual ele negou que isso implica no Princípio de Possibilidades Alternativas (PAP), frequentemente descrito como o “poder da escolha contrária”. Em vez disso, Craig propôs que a causa da liberdade libertária  requer apenas “a ausência de restrições causais fora de si, o que determina como alguém escolhe”, isto é, “que temos o poder genuíno sobre nossas escolhas” (225).


Roland Elliott mostrou um interesse significativo em meus posts sobre o Molinismo, e ele respondeu mais uma vez à minha expressão de surpresa e confusão em relação ao entendimento de Craig sobre a liberdade. Ele me encaminhou para uma página no site da Reasonable Faith, onde Craig explicou um pouco mais amplamente sua compreensão da liberdade, e a influência de Frankfurt no desenvolvimento de sua visão atual. Depois de ler essa página, estou ainda mais convencido de que ocorreu uma mudança na parte de Craig, que é muito importante, embora o próprio Craig ainda não pareça estar ciente de seu significado.
Craig tem sido o mais proeminente representante evangélico do Molinismo, de quem tenho conhecimento, e isso se reflete no grande espaço que dei a seu trabalho na minha exposição do modelo molinista da providência divina, na Providência e Oração. Por esta razão, estou agora revendo sua situação, e quero fazer uma proposta que alguns possam achar chocante, mas espero que ela contribua para uma conversa frutífera.

Visão atual de Craig  sobre a liberdade

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Alguém pode ser tanto Calvinista quanto Molinista?

Pode alguém ser tanto calvinista como molinista? Muitos cristãos reformados julgam isso uma impossibilidade, enquanto alguns proeminentes filósofos reformados como Alvin Plantinga e Del Ratzsch professam ser simultaneamente calvinistas e molinistas. A resposta para a pergunta provavelmente depende do que se entende por Molinismo. Se por Molinismo se quer dizer concordância com todos os detalhes do sistema teológico delineados na Concórdia em sete volumes de Luis de Molina (1588), então a resposta é não. Nesse caso, muito poucos professos molinistas são molinistas verdadeiros, um veredicto que considero irracional. Mas se por Molinismo se quer dizer uma concordância com a estrutura tríplice da onisciência de Deus e, portanto, com a doutrina do conhecimento médio em Molina (o segundo momento dessa estrutura), então a resposta é certamente sim. Abraçando a concepção de omnisciência de Molina encontrada no quarto volume da Concordia (o único volume do árduo latim de Molina atualmente traduzido para o inglês), a maioria dos molinistas professos a incorporou em suas próprias tradições teológicas, sejam calvinistas, arminianos ou não. Tais molinistas não querem usar nem desconhecem o conteúdo dos outros seis volumes da Concordia, que apresentam a exegese das escrituras de Molina, a doutrina da predestinação e outras doutrinas. Uma nomenclatura útil é falar do sistema teológico completo de Molina como “Molinismo original” e falar de apropriações da concepção da onisciência de Molina como versões ou “indicações” do Molinismo, como Molinismo Calvinista ou Molinismo Arminiano.

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