OS ARMINIANOS PODEM SER MOLINISTAS?

Robert E. Picirilli

Ouvi dizer que alguns Arminianos tendem a uma visão Molinista da soberania de Deus e da liberdade humana. Talvez a razão seja que os Molinistas dizem que seu propósito é defender a liberdade libertária[1] em um universo governado por um Deus soberano, com a certeza de alcançar Seus propósitos. Nós, Arminianos, acreditamos nessas duas coisas.

O que é Molinismo?

Assine para continuar lendo

Torne-se um assinante pagante para ter acesso ao restante do post e outros conteúdos exclusivos.

A (não) existência de contrafactuais molinistas

William Hasker

O molinismo nasceu em meio a controvérsias e nunca escapou dela. Por pouco ele evitou a condenação oficial no século XVII, sobre a alegação que isso comprometia indevidamente o controle providencial divino sobre o mundo, e tanto os tomistas quanto os calvinistas ainda rejeitam o molinismo por essa razão. Mais recentemente, no entanto, as críticas mais proeminentes centram-se na afirmação sobre os “contrafactuais da liberdade das criaturas”, que são centrais na explicação molinista da providência, não existem e não podem existir. Isto é, verdadeiros contrafactuais de liberdade não existem; todas essas proposições são, sem exceção, falsas.1 A primeira versão e mais importante dessa crítica – a chamada “objeção de base” – afirma que os contrafactuais carecem de uma base ou “fundamento” na realidade do tipo que é exigido para todas as proposições contingentes verdadeiras.  A segunda versão afirma que, se assumirmos a existência dos contrafactuais molinistas, eles se mostrarão inconsistentes com a afirmação de que os agentes humanos possuem livre-arbítrio libertário – assim, eles não são contrafactuais de liberdade, afinal de contas. Se qualquer crítica tiver sucesso, o Molinismo está condenado. Este ensaio discutirá brevemente cada uma dessas objeções, apontará algumas das respostas molinistas a elas, e fará algumas sugestões sobre as possíveis maneiras pelas quais o debate pode avançar além do ponto que alcançou atualmente.2

Assine para continuar lendo

Torne-se um assinante pagante para ter acesso ao restante do post e outros conteúdos exclusivos.

Alguém pode ser tanto Calvinista quanto Molinista?

Pode alguém ser tanto calvinista como molinista? Muitos cristãos reformados julgam isso uma impossibilidade, enquanto alguns proeminentes filósofos reformados como Alvin Plantinga e Del Ratzsch professam ser simultaneamente calvinistas e molinistas. A resposta para a pergunta provavelmente depende do que se entende por Molinismo. Se por Molinismo se quer dizer concordância com todos os detalhes do sistema teológico delineados na Concórdia em sete volumes de Luis de Molina (1588), então a resposta é não. Nesse caso, muito poucos professos molinistas são molinistas verdadeiros, um veredicto que considero irracional. Mas se por Molinismo se quer dizer uma concordância com a estrutura tríplice da onisciência de Deus e, portanto, com a doutrina do conhecimento médio em Molina (o segundo momento dessa estrutura), então a resposta é certamente sim. Abraçando a concepção de omnisciência de Molina encontrada no quarto volume da Concordia (o único volume do árduo latim de Molina atualmente traduzido para o inglês), a maioria dos molinistas professos a incorporou em suas próprias tradições teológicas, sejam calvinistas, arminianos ou não. Tais molinistas não querem usar nem desconhecem o conteúdo dos outros seis volumes da Concordia, que apresentam a exegese das escrituras de Molina, a doutrina da predestinação e outras doutrinas. Uma nomenclatura útil é falar do sistema teológico completo de Molina como “Molinismo original” e falar de apropriações da concepção da onisciência de Molina como versões ou “indicações” do Molinismo, como Molinismo Calvinista ou Molinismo Arminiano.

Assine para continuar lendo

Torne-se um assinante pagante para ter acesso ao restante do post e outros conteúdos exclusivos.