A Hipótese das Duas Fontes

Craig A. Evans

Introdução

A maioria dos estudiosos do Novo Testamento defende a visão que é chamada de Hipótese dos Dois Documentos ou Hipótese das Duas Fontes. (A última designação é preferida por muitos, porque nem todos estão convencidos de que ambas as fontes foram documentos escritos. Falarei mais sobre isso mais tarde.) Esta hipótese sustenta que o Evangelho de Marcos foi escrito primeiro e se tornou a principal fonte narrativa dos Evangelhos. de Mateus e Lucas. A Hipótese das Duas Fontes também sustenta que Mateus e Lucas fizeram uso de uma segunda fonte importante não marcana, composta principalmente pelos ensinamentos de Jesus. Esta fonte é geralmente chamada de Q (em homenagem à palavra alemã Quelle, “fonte”).[1]

Embora alguns afirmem que a Hipótese das Duas Fontes traz consigo implicações teológicas ou canônicas, a maioria encontra nela implicações exegéticas e implicações críticas da tradição, no sentido de que a hipótese auxilia a exegese e a investigação crítica. Na minha opinião, esta é a dimensão mais importante na tentativa de resolver a questão das relações dos Evangelhos Sinóticos.

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O RENASCIMENTO DA HIPÓTESE DE GRIESBACH

FENÔMENOS GERAIS

2-CRITÉRIO

Antes de examinar o texto em si, algumas questões metodológicas devem ser consideradas. Em particular, há o problema de quais critérios podemos usar legitimamente para decidir sobre a primazia literária. Muitas vezes, a evidência é ambígua e aberta a mais de uma interpretação. Por exemplo, no caso das ‘expressões duplicadas’ de Marcos, onde Marcos tem A + B e onde Mateus tem A e Lucas tem B, pode-se explicar isso de maneiras diametralmente opostas: ou Marcos combinou Mateus e Lucas, ou ambos Mateus e Lucas abreviaram de forma independente a frase aparente redundante de Marcos. Cada teoria explica os fatos em um exemplo em particular. Requer-se, portanto, alguns critérios mais abrangentes para decidir entre as diferentes explicações possíveis em qualquer caso.

Nesse aspecto, o estudo do problema sinótico é muito semelhante ao estudo do Jesus histórico em sua tentativa de decidir o que é autêntico na tradição evangélica. Ambos os campos de estudo estão preocupados em procurar distinguir entre o material inicial e as adaptações posteriores. As áreas de estudo diferem: a pesquisa histórica de Jesus se preocupa com o período de Jesus até o evangelho mais antigo, enquanto o estudo do problema sinótico se preocupa com o período desde o evangelho sinótico mais antigo até o último. No entanto, a semelhança fundamental no objetivo significa que muitos dos insights metodológicos obtidos em uma área podem ser aplicados de forma útil na outra. No estudo do Jesus histórico, muito trabalho foi feito para analisar e refinar os vários critérios que podem ser utilmente empregados.[1] De fato, critérios análogos podem ser, e muitas vezes têm sido aplicados ao estudo do problema sinótico. O paralelismo entre as duas áreas de estudo significa que as críticas aos critérios de uma área podem, em alguns casos, ser transferidas para a outra área.

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Os Evangelhos e o Problema Sinótico: A Relação Literária de Mateus, Marcos e Lucas

Dennis Bratcher

Introdução

O Problema Sinótico não é realmente um “problema” no sentido normal do termo. É simplesmente uma maneira de referir-se a questões e possíveis explicações sobre as relações literárias entre os três primeiros Evangelhos do Novo Testamento. A palavra “sinótico” significa “com o mesmo olhar” ou “ver junto”. Mateus, Marcos e Lucas apresentam a história básica de Jesus de maneiras semelhantes, incluindo a ordem do material, as histórias contadas, os ditos de Jesus, até mesmo usando muitas das mesmas palavras em relatos paralelos. Por esta razão, eles são chamados de Evangelhos Sinóticos. Por outro lado, embora o Evangelho de João às vezes se assemelhe aos outros três Evangelhos, ele relata a história de Jesus de maneiras significativamente diferentes, incluindo uma ordem diferente de eventos, diferentes perspectivas e pontos de ênfase, e com seu próprio vocabulário e estilo único. Essas diferenças podem ser entendidas em outros termos que não as relações literárias entre os Evangelhos, razão pela qual João não está incluído no Problema Sinótico.

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