GRAÇA PREVENIENTE NA TEOLOGIA DE ARMÍNIO [I]

Por Abner F. Hernandez

Introdução

A doutrina da graça preveniente não é uma idéia secundária na soteriologia de Jacó Armínio, mas um tema central que permeia todos os aspectos da doutrina da graça de Armínio. Este capítulo discute a natureza da graça preveniente na teologia de Armínio. E procura a definição e a natureza da graça preveniente e, em seguida, oferece uma definição do conceito de graça preveniente e explora a natureza dessa graça divina. Também discute a operação da graça preveniente divina no coração humano. Propõe que, de acordo com Armínio, a graça preveniente como a operação do Espírito Santo age não apenas externamente, mas também internamente no coração humano. O capítulo, no entanto, começa considerando a tipo de ser humano que precisa de graça preveniente conforme Armínio. A necessidade de considerar primeiro a pecaminosidade da humanidade enfatiza a realidade da impossibilidade do ser humano encontrar uma solução para o problema do pecado. É um indivíduo em desespero com necessidade de regeneração para quem, Armínio acreditava que a graça preveniente era a principal e solução mais urgente.

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A Natureza e a Necessidade da Graça em Jacó Armínio

John Mark Hicks

O propósito deste capítulo é entender a natureza e a necessidade da graça na teologia de Jacó Armínio. Existe considerável diferença de opinião quanto ao papel da graça no sistema Arminiano. Infelizmente, muito do que foi escrito sobre o próprio Armínio sofreu com a falácia de interpretá-lo à luz dos desenvolvimentos posteriores. Bangs observa essa tendência no início de sua dissertação: [1]

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A Graça Preveniente Torna a Depravação Total Hipotética e Não Real?

Ben Henshaw tem uma página em seu blog para perguntas, e ele foi questionado recentemente sobre isso:

Eu tenho uma pergunta sobre a graça preveniente. De acordo com essa doutrina, Deus capacita os mortos em pecados para que eles possam responder ou rejeitar a mensagem do evangelho.

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A Doutrina da Graça em Armínio

Frequentemente acusado erroneamente de pelagianismo ou semi-pelagianismo, Armínio e seus seguidores historicamente sofreram – e continuam a sofrer – uma deturpação após a outra por seus adversários teológicos. Geralmente, a caricatura da teologia arminiana vem das penas dos calvinistas que nunca leram material primário de Armínio ou de seus seguidores, os Remonstrantes, ou nunca leram material secundário relacionado ao Arminianismo Reformado por eruditos arminianos ou autores “não-arminianos” imparciais ( embora haja, felizmente, sempre exceções).

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GRAÇA PREPARATÓRIA E COOPERANTE

A graça prepara à vontade e coopera com a vontade preparada. Na medida em que a graça precede e prepara o livre arbítrio, isso é chamado preveniente. Na medida em que a graça auxilia e capacita o homem disposto a cooperar com a vontade divina, isso é chamado de graça cooperante.

GRAÇA PREVENIENTE

A graça preveniente antecede a capacidade de resposta do homem, de modo a preparar a alma para o ouvir efetivo da Palavra redentora. Esta graça precedente e aproxima os homens de Deus, diminui a sua cegueira para os remédios divino, fortalece sua vontade de aceitar a verdade revelada e capacita o arrependimento. Somente quando o pecador é auxiliado pela graça preveniente, eles podem começar a ceder em seus corações à cooperação com formas subsequentes de graça.

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UMA DEFESA PRELIMINAR DA GRAÇA PREVENIENTE

Steve Witzki

A obra da conversão é sempre iniciada pela graça de Deus. John Wesley acreditava que a graça preveniente de Deus tinha a intenção de ser para todas as pessoas. Ele disse “a graça ou o amor de Deus, de onde vem a nossa salvação, é LIVRE EM TODOS e LIVRE PARA TODOS”.

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Atos 13:48

Lucas devota Atos 13:14-52 ao ministério de Paulo e Barnabé em Antioquia da Pisídia. No segundo sábado (13:44-45), quando quase toda a cidade se reuniu para ouvir os pregadores, alguns judeus invejosos emitiram abusos verbais sobre Paulo e sua mensagem. Os dois apóstolos revidaram com uma dupla repreensão. Primeiro, visto que os judeus rejeitaram a mensagem de vida eterna, Paulo e barnabé a ofereceriam aos gentios (v. 46). Segundo, eles defenderam seu ministério aos gentios a partir de Isaias 49.6, dizendo que Deus os designara para ministrar aos gentios (v.47). Lucas registra dois resultados desta mudança de estratégia: (1) os gentios se alegraram e horaram a palavra do Senhor, e (2) “creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna.” (48) Precisamos perguntar o que Lucas quer dizer ao afirmar que os gentios foram designados (usando o verbo tassõ) para a vida eterna. Qual é o significado e a importância desta designação ( a NRSV e a NJB traduzem isto como o verbo “destinado”)?

Embora a pregação dos apóstolos tenha impressionado alguns judeus e alguns prosélitos (v. 43), os judeus de influencia obviamente se sentiram ameaçados com a popularidade dos visitantes cristãos. Os gentios que estavam ouvindo talvez não tenham percebido as complexibilidades da teologia do At, porém quando Paulo dirigiu sua mensagem a eles e eles entenderam que a vida eterna estava em seu alcance, eles declararam sua alegria e louvor ao Senhor cuja palavra ouviram e abraçaram.

Conforme BDAG,  o verbo tassõ  tem o sentido básico de “arranjar, colocar no lugar,” ou “ordenar, fixar, determinar, designar.”279 Todos estes sentidos ocorrem na LXX. F.F. Bruce vê uma forte predestinação sendo ensinada aqui e não quer diminuir a foça deste verbo.  Ele cita a evidencia de papiros em que tassõ pode significar “inscrever” ou “arrolar’ e, portanto, lê o significado desta forma:” todos, de fato, que haviam sido arrolados para vida eterna nos registros dos céus.”280 Mas esta interpretação não é persuasiva. BDAG dá o uso do verbo aqui com uma nuance muito diferente: “pertencer a, ser classificado entre os que possuem.”281 Louw e Nida em seu léxico dão o sentido do verbo tassõ como “fazer algo com dedicação.” O que apoiaria o sentido: ”creram todos os que haviam sido dedicados [ou dispostos] para a vida eterna.”

Se a voz deste particípio for passiva, ele pareceria apontar para Deus como o agente (como em Atos 22:10): “designados por Deus para a vida eterna.” Embora I.H.Marshall admita que uma interpretação predestinacionista seja possível, ele defende, “isto poderia também se referir ao que já haviam colocado sua confiança em Deus de acordo com a revelação do Antigo Testamento da sua graça e estavam arrolados em seu povo, ou talvez queira dizer que os gentios creram em virtude do fato que o plano da redenção de Deus os inclui.”282 Deus pode ser o agente desta ”designação”, mas ela não precisa se referir a uma eleição especifica de certos indivíduos apenas. Falando dos arrolados ou designados. Delling observa, ”hosoi [“tanto quantos”] dificilmente significa que um numero específico foi  designados, mas distingue convertidos de outros ouvintes.”283

Há outra possibilidade: o uso de Lucas desta forma verbal também poderia ser uma voz média que sugeriria que o sujeito do verbo (os gentios) participou na ação resultante da “designação” ( ou  sua “dedicação” ou “disposição”) de alguma forma.284 Nesse caso o sentido seria “creram tantos quantos que arranjaram a vida eterna por sim mesmo” ou “creram tantos quantos que se estabeleceram para a vida eterna.”285

Duvido que Luca esteja afirmando alguma eleição peremptória de certos indivíduos para que eles, e somente eles, sejam capazes a crer. Isto se encaixaria mal no contexto. O fracasso dos judeus em ganhar vida eterna se atribuiu a sua rejeição a Palavra de Deus, não a uma previa decisão de Deus em restringir seus nomes do livro daqueles predestinados a crer. Lucas deia isto abundantemente claro quando ele cita Paulo e Barnabé se dirigindo aos seus irmãos judeus: “Era necessário anunciar primeiro a vocês a palavra de Deus; uma vez que a rejeitam e não se julgam dignos da vida eterna, agora nos voltamos para os gentios” (Atos 13:46); ênfase acrescentada). Os judeus se desqualificaram; não foi falha de Deus ao elegê-los. Até este ponto, o contexto maior de Atos também argumenta contra uma eleição peremptória por Deus que determina quem crê. Em seu sermão no dia de Pentecoste, Pedro cita Joel ao enfatizar que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Atos 2.21). Aqui Pedro usa a forma média do verbo “chamar” (grego epikaleõ). Em outras palavras, todos  aqueles  que invocarem o nome de Jesus por si mesmos serão salvo. Este é o padrão de Lucas para salvação; pessoas tomam a decisão de invocar Jesus ou de rejeitá-lo. Infelizmente aqui em antioquia da Pisídia, estes judeus decidiram rejeitar.

Que contraste com os gentios que, ao ouvir as boas novas, se alegram honram a Palavra, e creem. Certamente neste contexto Lucas não pretende restringir ir a aplicação da salvação  apenas aos  previamente designados por Deus.  Em vez disso, ele mostra que a esfera de aplicação  da salvação tem que se expandir, de apenas oss judeus para os gentios crentes (por isso o uso de Isaias 49.6 no v.  47).286 A questão chave na salvação diz respeito se as pessoas aceitam ou rejeitam a palavra do senhor. Os que rejeitam a palavra se desqualificam da vida eterna. Neil comenta a respeito deste texto:

Não é em qualquer sentido estritamente predestianacionista, como se alguns estivessem programados para salvação e outros para danação; a bíblia constantemente enfatiza o elemento da livre escolha: podemos aceitar ou rejeitar a Palavra de Deus. Neste caso os judeus de Antioquia como um todo rejeitam a oferta de vida eterna, enquanto alguns – mas de modo algum todos – dos gentios a aceitam. Os que aceitam o evangelho cumprem o proposito de Deus que todos os homens sejam salvos, e por sua resposta mostram que são dignos de ser numerados como santos nos céus.287

Portanto, os crentes são “os designados,” um titulo que obviamente é paralelo aos “escolhidos” (cf. Marcos 13.20,22,27, par.) e “os chamados.” Os que são “designados” se posicionaram para crer. Lucas vê os que assim se designaram como um grupo corporativo; eles como crentes, se opõem aos que rejeitam a mensagem.288 Este padrão se repete  na próxima cidade, Icônio, em Atos 14.1. A salvação se volta para a disposição das pessoas a crer.


279 BDAG, 991. Eles localizam esse versículo sob o sentido de “colocar no lugar.” Lucas também usa o verbo em Atos 15.2; 22.10. L&N, 590

280 Bruce, Acts,267. Peterson, The Acts, 399, denominia isto “como uma declaração sem reservas de predestinação absoluta – “o proposito eterno de Deus “ (Calvino) – que se encontra em qualquer lugar do NT,” que virtualmente repete o  que Barrett, Acts of the Apostles, Vol. 1,658, também diz, “ O presente versículo é como uma declaração sem reservas de predestinação absoluta…que se encontra em qualquer lugar do NT”.

281 BDAG, 991

282 Marshall, Acts, 231

283 Delling, “tassw, “ 28

284 Sobre a força da voz média Wallace, Gramatica Grega, 414-15 diz,”Mas, em geral, o sujeito médio pratica ou experimenta a ação expressa pelo verbo de uma maneira tal que enfatiza a participação do sujeito. Pode-se dizer que o sujeito age’ comum interesse revestido.’” Robertson, A Grammar, 804, diz”que o médio dá uma atenção especial ao sujeito.”

285 Em minhas traduções as palavras em itálicos mostram a especial nuance da voz média. O grego também poderia ser interpretado, empregando o sentido do verbo médio. “creram, todos os que estabeleceram a vida eterna por si mesmos.”

286 “…Eu fiz de vocês luz para os gentios, para que você leve a salvação até aos confins da terra.”

287  Neil, Acts, 161

288 Esta forma de colocar eleição corporativa e semelhante a que vimos em  alguns textos judaicos; cfr. Sl 69.28; Dn 12.1; 1En 47.3, 104.1, 108.3; Jub. 30.20,22; b. Ber.61b; e Qumran CD 3,20.

Fonte: O Novo Povo Escolhido, pgs 136-139. Ed. Canon.

Autor: William W. Klein

 

 

 

OS ARMINIANOS ODEIAM A SOBERANIA DE DEUS?

 

Por William Birch

A pergunta “Por que os arminianos odeiam a soberania de Deus?” foi feita recentemente por um calvinista chamado Avery que faz muitas suposições sobre os arminianos. Mas nós poderíamos, em contrapartida, perguntar: “Por que os calvinistas presumem que os arminianos odeiam a soberania de Deus?” A pergunta pressupõe que os arminianos sabem absolutamente que a crença calvinista em relação à soberania de Deus, que é contextualizada nos moldes do determinismo exaustivo e meticuloso, é o ensino correto e bíblico, e que nós conscientemente rejeitamos e odiamos esta posição

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Será que Tudo É “a Vontade de Deus”?

Jack Cottrell

PERGUNTA: Nosso pastor diz que tudo é a vontade de Deus. Será que isso é verdadeiro? Como nós podemos entender “a vontade de Deus”?

RESPOSTA: Para saber o que o seu “pastor” quer dizer quando ele diz que “tudo é a vontade de Deus”, eu teria que saber se ele é ou não calvinista. Deixe-me explicar.

As palavras do Novo Testamento para “vontade”, conforme usadas no contexto da “vontade de Deus”, podem significar uma de três coisas: desejo, propósito ou permissão. Tendo em vista esta variedade de conotações, é certamente correto dizer: TUDO QUE ACONTECE É A VONTADE DE DEUS. Porém, duas pessoas diferentes podem fazer esta mesma afirmação e querer dizer por ela duas coisas completamente diferentes.

Em primeiro lugar, quando um calvinista faz esta afirmação, ele quer dizer que tudo o que acontece é a vontade de Deus nos dois primeiros sentidos da palavra “vontade”, a saber, “desejo” e “propósito”. Os calvinistas começam com o conceito de um “decreto eterno”. Ou seja, antes que qualquer coisa aconteça, Deus esboça em sua mente um projeto detalhado e meticuloso que inclui tudo o que vai acontecer dentro da criação que Ele está prestes a trazer à existência. Neste sentido, o projeto é abrangente. Além disso, tudo no projeto (decreto), seja na esfera da natureza ou na esfera das ações humanas, é resultado da exclusiva opção de Deus. Ele é o único que tem influência sobre o projeto, sobre qualquer coisa que seja inserida nele. Nós criaturas humanas não temos NADA a ver com o projeto; o decreto é totalmente incondicionado por qualquer coisa fora de Deus. O que quer que esteja no decreto, está lá porque Deus QUER que esteja lá e ponto final. Isso inclui todas as ações e decisões humanas aparentes. Assim, tudo o que acontece é a vontade de Deus no sentido que Ele assim o DESEJA.

Este decreto eterno também é descrito como eficaz ou causal. Isto é, o que quer que aconteça no nosso mundo, acontece porque estava no decreto e ponto final. Deus o colocou ali porque Ele quer que aconteça e porque é o seu propósito eterno FAZÊ-LO acontecer. Essa é a verdadeira história do mundo: Deus transformando Seu eterno decreto em realidade. Assim, tudo o que acontece é a vontade de Deus no sentido que faz parte do Seu PROPÓSITO. E se é o seu propósito, Ele vai se assegurar de que ele aconteça. O que quer que acontece é desejado por Deus, planejado por Deus e no final das contas causado por Deus. Como resultado deste sistema temos a crença comum de que “tudo acontece por uma razão” ou “há um propósito para tudo”.

Um calvinista diz que Deus tem um “plano predeterminado” para tudo. “Ele é o que VAI ACONTECER. É inevitável, incondicional, imutável, irresistível, abrangente e intencional… Ele inclui tudo – até mesmo o pecado e o sofrimento. Ele envolve tudo – até mesmo a responsabilidade e as decisões humanas.”[1] Outro diz que “a resposta definitiva à questão do por que uma coisa é e porque ela é assim deve sempre permanecer: ‘Deus a quis’, de acordo com a sua absoluta soberania.”[2]

Em meu julgamento, a referida abordagem à “vontade de Deus” é inteiramente falsa. ALGUMAS coisas acontecem porque Deus as intenciona e deseja, porém não tudo. É especialmente importante saber que a palavra “vontade” também pode significar “autorizar, permitir”. Quando compreendemos isso, podemos verdadeiramente dizer que TUDO O QUE ACONTECE É A VONTADE DE DEUS, mas não no mesmo sentido!

É claro que Deus decreta ou intenciona que algumas coisas aconteçam, principalmente coisas relacionadas à criação e à redenção. A cruz, por exemplo, foi pré-determinada (At 2.23). Porém, visto que Deus criou este mundo para ser habitado por criaturas com livre-arbítrio, a maioria das coisas que acontecem nele não são o propósito de Deus, mas sim PERMITIDAS por Ele. Deus deseja que nós, criaturas com livre-arbítrio, façamos muitas coisas que não fazemos (por exemplo, 2Pe 3.9) e Ele deseja que NÃO façamos muitas coisas que nós fazemos (especialmente cometer pecados). Assim, a Sua vontade, no sentido de “desejo”, nem sempre acontece. Porém, até mesmo nesses tipos de casos, o que quer que aconteça, acontece SOMENTE porque Deus PERMITE que aconteça.

Tg 4.13-15 identifica claramente esse aspecto da vontade divina: “Eia agora vós, que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade e lá passaremos um ano e contrataremos e lucraremos. ‘Portanto vocês não sabem como será a vossa vida amanhã. Vocês são apenas um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece’. Em vez disso, vocês deveriam dizer: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e também faremos isto ou aquilo.’” Aqui, “se o Senhor quiser” significa “se o Senhor permitir” no mesmo sentido que At 18.21 e 1Co 4.19 (confira Rm 1.10; 15.32; 1Pe 4.19). O ponto é que Deus PODERIA EVITAR qualquer coisa que está prestes a acontecer se Ele optar por assim fazer e, às vezes, segundo a Sua vontade de propósito, ele faz justamente isso (Lc 12.20).

Porém, na maioria dos casos Ele deseja PERMITIR que isso aconteça de acordo com nossos próprios planos e escolhas, permitindo assim que as nossas escolhas livres determinem o nosso próprio destino. Ainda assim, mesmo quando Deus está PERMITINDO que tais coisas aconteçam como resultado de nossas próprias vontades, Ele está querendo que elas aconteçam no sentido que Ele está permitindo que elas aconteçam. Assim, até mesmo essas coisas são a vontade de Deus – porém NÃO no sentido que Ele está intencionando ou causando essas coisas. Elas são resultado da sua vontade permissiva apenas.

Assim – o que o seu pastor quer dizer quando afirma que “tudo é a vontade de Deus”? Se ele quer dizer que Deus decretou tudo e está causando tudo de acordo com seu próprio propósito eterno, isso não é bíblico. Mas se ele quer dizer que algumas coisas são a vontade de Deus no sentido que Ele as intenciona e causa, porém, outras coisas são a vontade de Deus apenas no sentido que Ele as permite, então ele está correto. A última é a visão bíblica.

[Alguns calvinistas dizem que algumas coisas (geralmente pecados) acontecem apenas por causa da vontade permissiva de Deus; porém, o conceito de verdadeira permissão é incompatível com o decreto eterno com o qual eles estão comprometidos. Portanto, os calvinistas sempre devem redefinir permissão, até que ela se torne sem sentido ou contraditória. Várias vezes eu tenho ouvido os calvinistas usarem a expressão “permissão eficaz” – o que é uma óbvia contradição de termos.][3]

Tradução: Cloves Rocha dos Santos
www.arminianismo.com