A Forma de um Servo: Uma Análise Histórica do Motivo Kenótico

Por Donald G. Dawe

Prefácio 9

I UM NOVO OLHAR SOBRE UM ENSINAMENTO ANTIGO 13

O Método de Abordagem

II A FORMA DE DEUS- A FORMA DE UM SERVO 26

O Motivo Kenótico no Novo Testamento

III A BATALHA COM O ESPÍRITO HELENÍSTICO 47

O Motivo Kenótico na Era Patrística e na Igreja Medieval

IV A REDESCOBERTA DA FORMA DE SERVO 67

O Motivo Kenótico no Pensamento da Reforma

V A KENOSIS COMO A PONTE ENTRE O MUNDO E A PALAVRA 86

O Motivo Kenótico nos Teólogos Intermediários

VI A KENOSIS COMO CHAVE PARA A REALIDADE 104

O Motivo Kenótico em Hegel e os Teólogos Progressistas

VII A KENOSIS E A MORALIZAÇÃO DO DOGMA 127

A Doutrina Kenótica no Mundo de Língua Inglesa

VIII O PARADOXO DA KENOSIS 156

O Motivo Kenótico na Teologia Contemporânea

IX A KENOSIS EM UMA NOVA FORMA 177

Uma Reafirmação do Motivo Kenótico

EPÍLOGO 205

Notas 209

Índice 215

Prefácio

O propósito deste livro é duplo. É explorar historicamente a tradição kenótica no pensamento cristológico. Nessa tradição, a encarnação é interpretada como um ato de autoesvaziamento ou limitação divina. Além disso, é um esforço para aplicar os insights dessa tradição à construção de uma cristologia contemporânea. Sempre que se mencionam cristologias kenóticas, a associação mais comum é com uma escola particular de cristologia que floresceu no continente e, posteriormente, no mundo anglófono durante o século XIX e início do século XX. Visto dessa forma, um estudo das cristologias kenóticas só pode ser um capítulo na história da teologia mediadora do passado recente. Mas abordar a tradição kenótica dessa maneira é ignorar tanto sua antiguidade quanto sua ubiquidade. O motivo kenótico é encontrado nos níveis mais antigos da tradição cristã, provavelmente antecedendo seu aparecimento nas epístolas paulinas. O motivo desempenhou um papel em todas as épocas do pensamento e da vida cristã. O tema do autoesvaziamento divino é encontrado não apenas em obras de teologia, mas também em liturgias, sermões e manuais de piedade ascética. A Igreja, como povo servo, tem se deparado, em todas as épocas, com a imagem de seu Senhor Servo. Olhamos para essa imagem novamente não apenas como um exercício de reflexão histórica e erudição, mas como uma fonte de novos insights para a Cristologia atual.

O pensamento cristológico em nossos dias é assolado por uma variedade de problemas. Alguns desses problemas derivam de conflitos não resolvidos, e provavelmente insolúveis, nos níveis mais antigos da reflexão cristológica. O problema de conceber intelectualmente o ser do Deus-homem é uma característica perene da teologia cristã. Ele deriva da confissão cristã básica de Jesus Cristo como Senhor. Em todas as épocas, a Igreja tem se esforçado para tornar essa confissão inteligível à mente de seu tempo. Como podemos falar de alguém que é humano e divino? Nos primeiros séculos de sua existência, a Igreja cristã lutou com esse problema em termos do mundo do pensamento da antiguidade greco-romana. Dessa luta surgiram os credos ecumênicos e a teologia patrística, que definiram a ortodoxia cristológica até os tempos modernos. Contudo, mesmo esse grande movimento de pensamento falhou em dar coerência racional às afirmações cristológicas. Serviu para descartar certas heresias. E forneceu a principal estrutura intelectual dentro da qual a reflexão cristológica foi conduzida. O problema básico de conceber as naturezas divina e humana em Jesus Cristo permanece tão crítico para o nosso tempo quanto o foi para a antiguidade. Podemos transcender a estrutura da teologia patrística por meio da análise histórica, mas não podemos evitar as questões enfrentadas pelos Pais nos séculos passados.

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