Mulheres na Igreja: Uma Investigação Bíblica

F.F. Bruce

PROLEGOMENA

O fenômeno da relatividade cultural, com as adaptações que impõe, é repetidamente ilustrado na própria bíblia. Vemos os nômades israelitas se mudando do deserto para a vida agrícola estabelecida de Canaã; vemos uma economia camponesa dando lugar sob a monarquia a uma economia mercantil urbanizada, com a abusos concomitantes contra os quais os grandes profetas de Israel criticaram; vemos o ajuste pós-exílico à vida em uma unidade de um grande e bem organizado império – primeiro persa, depois helenístico, depois romano. Mesmo dentro dos limites restritos do novo testamento, vemos o evangelho transplantado de sua matriz judaica e palestina para o ambiente gentio do mundo mediterrâneo. Neste último aspecto, poderíamos prestar atenção especial à maneira como João, preservando o autêntico evangelho de Cristo, traz sua validade permanente e universal em um novo idioma para um público muito diferente daquele ao qual foi proclamado pela primeira vez.

Uma grande preocupação dos escribas e fariseus dos dias de nosso Senhor era aplicar aos seus contemporâneos um código de leis originalmente dado em um modo de vida completamente diferente. A lei do sábado, por exemplo, foi formulada em relação a uma simples economia pastoril ou agrária, na qual “trabalho” era um termo claramente entendido. Mas que tipo de atividade entrou na proibição do “trabalho” na situação mais complexa do alvorecer da era cristã? Os escribas viram que uma definição detalhada era necessária se as pessoas deveriam ter uma orientação clara neste assunto: em uma de suas escolas, trinta e nove categorias de “trabalho” foram especificadas, todas proibidas no sábado.

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O Final do Segundo Evangelho

Por F.F. Bruce

Professor NB Stonehouse, em seu livro, The Witness of Matthew and Mark to Christ, que foi revisado pelo Professor Ross em nosso número de abril (pp. 152 ss.), tem um capítulo importante sobre “A Conclusão de Marcos”,[1] que irá servir de ponto de partida para nossa consideração sobre este assunto.

Ele primeiro examina os argumentos que foram abordados de tempos em tempos em favor da autenticidade do Final Longo de Marcos (Marcos xvi. 9-20), e mostra sua fraqueza com base em evidências externas e internas, incluindo sob as últimas seu estilo e construção de frases distintas,[2] e sua falta de continuidade com o que o precede. O resultado é uma demonstração tão conclusiva quanto qualquer prova desse tipo pode ser que esses doze versículos não sejam parte integrante do Evangelho ao qual foram anexados por tanto tempo. Mas sendo assim, temos que explicar de alguma forma a brusquidão do final do Evangelho propriamente dito em xvi. 8: “Tremendo e assustadas, as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E não disseram nada a ninguém, porque estavam amedrontadas.” O Professor Stonehouse considera as duas possibilidades alternativas ou (a) o Evangelho como o temos está incompleto (tendo sido deixado inacabado pelo autor ou tendo sofrido mutilação subsequentemente), ou (b) o Evangelho foi propositalmente encerrado com essas palavras. Destas duas alternativas, ele decide contra a primeira, e sua defesa da última posição revela altos grau de discernimento e exegese, embora alguns leitores  possam achar seus argumentos um tanto aquém da convicção completa.

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