Crítica Textual é… Legal?

Michael J. Kruger

Papiro P52 Esse fragmento contendo parte do capítulo 18 do Evangelho de João (v. 31-33, 37-38), datado de aproximadamente 125 dC.,

Então, sobre o que é a sua dissertação?

Quando comecei meu doutorado na Universidade de Edimburgo, em 1999, lembro-me de temer essa pergunta dos meus amigos evangélicos. Eu tentava explicar a eles que estava trabalhando em um manuscrito do século IV de um evangelho apócrifo (P.Oxy. 840) e comparando-o com o texto dos Evangelhos canônicos. Portanto, minha pesquisa se referia a manuscritos antigos, transmissão textual, características dos escribas e as formas variantes da tradição de Jesus no cristianismo primitivo.

A essa altura da conversa, a maioria das pessoas ficaria com os olhos vidrados.

Nas décadas de 1980 e 1990, tópicos como transmissão textual e manuscritos antigos não estavam no radar do crente médio. A maioria provavelmente nem tinha ouvido o termo “crítica textual” e, se tivesse, provavelmente não saberia defini-lo (nem teria muito interesse nele, mesmo que pudesse).

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Por que o Textus Receptus não pode ser aceito?

Por Tommy Wasserman

Aqui segue um post de um colega e leitor do blog, Jan Krans, da Protestantse Theologische Universiteit (PThU) em Amsterdã, autor de “Beyond What is Written: Erasmus and Beza as Conjectural Critics of the New Testament”, NTTSD 35 (Brill, 2006).

Por que o Textus Receptus não pode ser aceito

Na discussão sobre o Textus Receptus, existem dois pontos de vista diametralmente opostos. Primeiro, apresentarei os dois pontos de vista e, em seguida, demonstrarei por que apenas um deles pode ser sustentado.

A favor do Textus Receptus

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Como os Críticos Textuais Reconstroem o Texto da Bíblia: 6 Princípios Fundamentais

Wendy Widder

Como todos os documentos bíblicos foram copiados à mão por quase três mil anos, não é surpreendente que seus manuscritos contenham diferenças (variantes).

A crítica textual é a disciplina que nos guia no estabelecimento do que os autores da Bíblia escreveram. Isso é especialmente importante para aqueles que valorizam a Bíblia como a Palavra de Deus. O trabalho dos críticos textuais nos permite conhecer com confiança o que Deus disse por meio dos autores humanos.

Neste artigo, apresentaremos os princípios básicos da crítica textual:

1.Exploraremos como obtemos variantes, ou seja, como mudanças e erros ocorrem no processo de transmissão.

2.Apresentaremos os tipos de evidências que usamos para avaliar tais variantes.

3.Forneceremos seis princípios fundamentais para usar na avaliação de variantes.

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Manuscritos 101: O que é Uma Variante Textual?

Por: Denis Salgado

Como Surgiram as Variantes?

Enquanto escrevo isto — quero dizer, enquanto digito isto — percebo o quanto os computadores simplificaram o processo de escrita. Não há necessidade de penas pingando ou tinta borrada. E copiar um texto? É ainda mais fácil, certo? É para isso que servem as copiadoras e os scanners! Podemos facilmente criar cópias exatas de documentos em questão de segundos. Até nossos celulares conseguem fazer isso.

Antes desses avanços tecnológicos, copiar um texto longo era extremamente demorado e extenuante. Imagine que você vive na antiguidade e seu filho fará 16 anos em poucos meses. Para o aniversário dele, você decide que a Ilíada, o poema épico de Homero, é uma ideia brilhante de presente. Isso até você perceber que alguém terá que encontrar uma cópia e replicar aquele documento — à mão, letra por letra. Você olha para seu cônjuge e ouve: “A ideia foi sua, querida!” Esta obra tem mais de 700 páginas e mais de 170.000 palavras. Quantas horas você teria que investir para garantir que seu texto reflita com precisão o modelo ou “exemplar”?

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O que é uma variante textual?

Por Luke Wayne

Existem mais de 5.000 manuscritos do Novo Testamento no grego original. Alguns deles são Novos Testamentos completos ou até mesmo Bíblias completas. Outros contêm coleções de livros do Novo Testamento (os quatro evangelhos, as cartas de Paulo, os escritos de João, etc.) ou cópias de livros individuais. Outros ainda são fragmentos danificados, contendo apenas algumas páginas ou mesmo uma pequena parte de uma única página. A maioria dos nossos manuscritos contém trechos bastante substanciais do Novo Testamento, e todas essas cópias representam uma riqueza de evidências para a preservação confiável do Novo Testamento. No entanto, algumas das cópias apresentam pequenas diferenças em ortografia, pontuação e alguns outros problemas menores. Essas são chamadas de variantes textuais.

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Mateus 18:11 foi removido das Bíblias modernas?

por Luke Wayne

O material King James Only frequentemente acusa os tradutores modernos de terem “deletado” ou “removido” Mateus 18:11. A suposição embutida nesse tipo de linguagem, é claro, é que esse versículo deve ser original e, portanto, foi removido intencionalmente. Os tradutores modernos, no entanto, apontam que esse versículo não está presente nos manuscritos mais antigos que possuímos. Eles argumentam que não excluíram o versículo, mas que o versículo foi adicionado por escribas posteriores. Eles não faziam parte do que Mateus escreveu originalmente. Portanto, quando encontramos um versículo que está presente em algumas traduções e ausente em outras, pode ser que os tradutores modernos não tenham removido o versículo, mas sim que os escribas inseriram as palavras e os tradutores da KJV mantiveram as palavras inseridas sem perceber. Devemos ir aos manuscritos e examinar as evidências.

O versículo em questão

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A TEORIA DO TEXTO MAJORITÁRIO: HISTÓRIA, MÉTODOS E CRÍTICA

DANIEL B. WALLACE*

Durante os primeiros dois terços do século XX, os críticos textuais do NT podiam falar de comum acordo: o textus receptus (TR) tinha finalmente sido posto de lado. Em 1899, Marvin Vincent referiu-se a ele como um “monumento histórico” que “foi sumariamente rejeitado como base para um texto correto.”[1] A. T. Robertson declarou em 1926: “O Textus Receptus está tão morto quanto a Rainha Ana.”[2] Oito anos depois, Leo Vaganay pronunciou de forma semelhante a extrema-unção sobre o cadáver.[3] E apenas três décadas atrás, Bruce Metzger poderia justificadamente descartar a defesa contemporânea do texto bizantino em uma mera nota de rodapé.[4]

A situação hoje é perturbadoramente diferente. Já se foi a era em que os defensores da KJV/TR só podiam ser encontrados nos remansos do fundamentalismo anti-intelectual americano. Um número pequeno, mas crescente, de estudantes do NT na América do Norte e, em menor grau, na Europa (em particular na Holanda e na Grã-Bretanha) estão abraçando uma visão que foi deixada para morrer há mais de um século – a saber, que o texto original pode ser encontrado na maioria dos MSS.[5] A teoria do texto majoritário (TM)[6] também está fazendo incursões nos esforços missionários e de tradução do terceiro mundo.[7] Como no caso paralelo da primazia marcana, os proponentes de uma visão minoritária estão tentando reabrir um problema que antes se pensava estar resolvido. Significativamente, na terceira edição do Texto do Novo Testamento, era agora necessário que Metzger dedicasse cinco páginas a uma discussão sobre a ressuscitação dos pontos de vista de John Burgon.[8]

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Marcos 16: 8 como a Conclusão para o Segundo evangelho

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DANIEL B. WALLACE

O comediante George Burns indicou certa vez sobre a chave do sucesso homilético: “O segredo de um bom sermão é ter um bom começo e um bom final, então ter os dois o mais próximos possível.” Este ensaio falhará abissalmente pelo menos nesse terceiro critério, mas suspeito que o Evangelho de Marcos pode ter sido bem-sucedido em todas as três frentes.

A questão que estamos abordando neste simpósio é a seguinte: Quando termina o Evangelho de Marcos? Para aqueles que já estudaram o assunto, há uma questão auxiliar, embora igualmente relevante: Quando termina o debate sobre o fim do Evangelho de Marcos? Este debate em particular terminará amanhã, mas não será o fim da história. Esta conferência, na verdade, tem como objetivo estimular seu pensamento sobre as questões, fazendo com que você se depare com elas muito além de amanhã. Talvez seja isso que Marcos pretendia para seu Evangelho também.

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O Final do Segundo Evangelho

Por F.F. Bruce

Professor NB Stonehouse, em seu livro, The Witness of Matthew and Mark to Christ, que foi revisado pelo Professor Ross em nosso número de abril (pp. 152 ss.), tem um capítulo importante sobre “A Conclusão de Marcos”,[1] que irá servir de ponto de partida para nossa consideração sobre este assunto.

Ele primeiro examina os argumentos que foram abordados de tempos em tempos em favor da autenticidade do Final Longo de Marcos (Marcos xvi. 9-20), e mostra sua fraqueza com base em evidências externas e internas, incluindo sob as últimas seu estilo e construção de frases distintas,[2] e sua falta de continuidade com o que o precede. O resultado é uma demonstração tão conclusiva quanto qualquer prova desse tipo pode ser que esses doze versículos não sejam parte integrante do Evangelho ao qual foram anexados por tanto tempo. Mas sendo assim, temos que explicar de alguma forma a brusquidão do final do Evangelho propriamente dito em xvi. 8: “Tremendo e assustadas, as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E não disseram nada a ninguém, porque estavam amedrontadas.” O Professor Stonehouse considera as duas possibilidades alternativas ou (a) o Evangelho como o temos está incompleto (tendo sido deixado inacabado pelo autor ou tendo sofrido mutilação subsequentemente), ou (b) o Evangelho foi propositalmente encerrado com essas palavras. Destas duas alternativas, ele decide contra a primeira, e sua defesa da última posição revela altos grau de discernimento e exegese, embora alguns leitores  possam achar seus argumentos um tanto aquém da convicção completa.

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