Abner Chou
Professor de Bíblia
The Master’s University and Seminary
achou@masters.edu
Grupo de Estudos Pré-Tribulacionistas Dezembro de 2016

A hermenêutica ocupa um lugar central na discussão sobre escatologia. Como premilenistas, argumentamos frequentemente que uma abordagem hermenêutica consistente — que interpreta todas as passagens literal, gramatical e historicamente — inevitavelmente leva a uma perspectiva premilenista.[1] Este é um argumento importante e motivador para nós, e com razão. Por trás de nossa preocupação com a hermenêutica está uma paixão consumada por compreender as Escrituras corretamente, por articular as profundezas da Palavra de Deus e conhecer o Deus da Palavra com precisão. Nossa preocupação não é meramente provar que estamos certo, mas estar certo, trazer imensa honra a Deus lidando corretamente com cada complexidade de Sua Palavra inerrante. A ambição piedosa impulsiona uma preocupação com a hermenêutica correta. Queremos ter a interpretação correta das Escrituras e, portanto, a escatologia correta, aquela que o próprio Deus estabeleceu conforme revelado em Sua Palavra.
Por causa disso, o argumento hermenêutico é convincente e vital. A hermenêutica se preocupa com os princípios que ancoram a interpretação. Assim, ela tem um propósito epistemológico, definindo como sabemos o que o Autor disse. Portanto, se uma hermenêutica consistente produz uma conclusão pré-milenista, então isso é o que Deus disse. As divergências sobre escatologia não são meramente acadêmicas ou mesmo divergências entre pares; em vez disso, são uma divergência com o próprio Deus. O argumento hermenêutico é poderoso porque nos deixa com a própria resolução de Lutero:
A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão clara (pois não confio nem no papa nem nos concílios sozinhos, visto que é bem sabido que eles frequentemente erraram e se contradisseram), estou vinculado às Escrituras que citei e minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Não posso e não vou retratar nada, pois não é seguro nem correto ir contra a consciência. Que Deus me ajude.[2]
Dessa forma, a hermenêutica não é apenas fundamental para a nossa escatologia, mas para toda a teologia, pois confirma que nossas crenças e ideias não são nossas, mas sim o que Deus declarou. Por essa razão, os estudiosos bíblicos listam a hermenêutica como um elemento fundamental do estudo das Escrituras.[3] Isso ilustra como a hermenêutica não é apenas vital para a questão da escatologia, mas para toda a empreitada teológica.
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