Por Mike Stallard
A princípio, o título deste artigo suscita questionamentos. Quando se fala sobre a perspectiva “judaica” da Bíblia, o que isso significa? O termo judeu é talvez anacrônico até certo ponto, sendo o termo mais apropriado a natureza hebraica da Bíblia, se pretende-se comunicar que os autores humanos eram hebreus ou quase todos hebreus. O termo é usado aqui, no entanto, como uma acomodação moderna que toma notas especialmente de como o termo judeu foi usado neste contexto entre os primeiros dispensacionalistas modernos no século XIX.
A ideia de “redescoberta” refere-se ao surgimento na Igreja do dispensacionalismo moderno no século XIX como, pelo menos em parte, um retorno a uma leitura do texto bíblico, especialmente as profecias do Antigo Testamento, do ponto de vista da interpretação histórico-gramatical que coloca o texto em sua estrutura esmagadoramente judaica.[1] Isto é contrário à prática da interpretação alegórica, especialmente na profecia, que começou a ganhar proeminência na Igreja durante o terceiro século. Como resultado, o quiliasmo ou pré-milenismo da Igreja primitiva foi substituído pelo amilenismo que dominou o panorama cristão durante pelo menos treze séculos. Esta perspectiva amilenista não leu as promessas do Antigo Testamento de uma forma judaica, mas apresentou uma espécie de teologia de substituição (a Igreja para Israel) que abandonou qualquer futuro para o Israel nacional ou qualquer futuro reino terreno e concreto. Do ponto de vista dispensacionalista, tal posição deve-se mais ao pensamento platônico e abstrato do que à exegese de uma Bíblia que é majoritariamente judaica.
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