MATHIJS LAMBERIGTS (LEUVEN)
Introdução
Durante sua extensa e ampla polêmica contra Agostinho, o Pelagiano Juliano de Eclano[1] repetidamente afirmou que o bispo de Hipona nunca tinha de fato sido capaz de se livrar de sua Origem Maniqueísta.[2] Ao fazer isso, Juliano estava voltando a uma objeção expressa pela primeira vez pelos Donatistas.[3] No entanto deveria ser reconhecido desde o início que o contexto polêmico encorajou Juliano a empregar termos como Maniqueu ou Traducionista invectivamente[4] – na verdade, o mesmo também era verdade para uma série de acusações propagandistas dos Donatistas[5] – deve, no entanto, ficar claro a partir do que segue que Juliano que estava bem ciente do passado de Agostinho, empregou tais termos por razões que evidentemente se estendiam além da pura injúria.[6] Deve-se notar também que o antagonismo contra os Maniqueus era apenas uma das principais preocupações de Juliano.[7] Além disso, durante a vida de Juliano, o Maniqueísmo era frequentemente condenado na parte ocidental do Império Romano. O fato dos Maniqueus estarem ativos na Itália e serem considerados uma ameaça pelos bispos de Roma é amplamente atestado.[8]
Além disso, Juliano também estava em posição de recorrer ao próprio Agostinho para obter informações sobre o Maniqueísmo, visto que as obras Antimaniqueístas deste último haviam sido enviadas a, entre outros, Paulino de Nola, um homem que pertencia ao circulo de amigos de Juliano.[9] Juliano recorreu, por exemplo, ao tratado Antimaniqueísta de Agostinho De duabus animabus[10] por suas definições de pecado e livre-arbítrio. Na verdade, as Confissões também lhe forneceram uma fonte de informação, entre outras coisas, sobre o fato de que Fausto foi um dos mentores Maniqueístas de Agostinho (Conf. V, 7, 13).[11] Adimanto também é considerado um mentor de Agostinho.[12]
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